A construção de um condomínio residencial no bairro Villa Real, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, tem gerado transtornos e muitas reclamações de moradores no entorno. Integrantes da Associação do Bairro Villa Real acionaram o Panelaço, do Super Notícia, para denunciar o que eles chamam de "descaso" da empresa responsável pela construção do empreendimento “Mirante Sabará I e II”, que está sendo erguido na rua Tupy e terá cerca de 20 edifícios com 400 apartamentos.
+ Siga o Super Notícia no Instagram
+ Siga o Super Notícia no Tiktok
Os moradores contam que as obras começaram no final de 2024 e que os problemas surgiram a partir de janeiro de 2025, quando teve início o trânsito intenso de caminhões e escavadeiras. Eles afirmam já terem filmado tratores tendo que empurrar e puxar caminhões carregados de tijolo pelas ruas íngremes do bairro. Quem passa pelas ruas consegue ver os inúmeros buracos, o calçamento de pedra com marcas de valas por onde passam os veículos e sinais de movimentação de solo.
A construção de um condomínio residencial no Bairro Villa Real em Sabará, na região Metropolitana de Belo Horizonte, mudou a rotina dos moradores e tem gerado muitas reclamações. Alguns integrantes da Associação do Bairro Villa Real, entraram em contato com Super Notícia para…
A construção de um condomínio residencial no Bairro Villa Real em Sabará, na região Metropolitana de Belo Horizonte, mudou a rotina dos moradores e tem gerado muitas reclamações. Alguns integrantes da Associação do Bairro Villa Real, entraram em contato com Super Notícia para… pic.twitter.com/RPoZBlhWZ7
— O Tempo (@otempo) August 22, 2025
Dona de casa, Adriana Azevedo mora na rua Cônego Roussin. Ela disse que os caminhões começam a transitar pelas ruas do bairro logo no começo da manhã e não têm hora para parar. "Com a intensa movimentação na frente da minha casa e o peso dos veículos, meu terreno começou a ceder. Não tenho mais quintal", reclamou.
Ela enfatizou que nem com as chuvas intensas em outros anos o problema havia aparecido e que a movimentação do solo só aconteceu por causa dos caminhões. "No finalzinho de janeiro, comecei a ver que os blocos do piso começaram a ficar desalinhados. Passados alguns meses, hoje meu muro está completamente torto e o piso revirado", concluiu.
A moradora apresentou ao Panelaço um laudo feito pela Defesa Civil do Município em que os agentes identificaram o deslocamento de terra logo abaixo do piso do quintal, uma preocupação para a dona de casa, que teme que a estrutura da casa seja abalada.
Éder Pereira Lima, servidor federal, se mudou para o bairro há cerca de dez meses. Ele mora na Rua Professor Caetano Azeredo Coutinho, ao lado da obra do condomínio e disse que a poeira constante tem prejudicado a saúde dos dois filhos que têm asma.
"Já os levei ao médico várias vezes, a minha casa fica fechada o tempo todo, mas não adianta, a poeira fina tem afetado a saúde dos meus filhos. Eles até passam um caminhão pipa de vez em quando, mas não adianta", lamentou.
O servidor também mostrou uma rachadura no muro que começou a aparecer em janeiro deste ano com o início da circulação constante dos caminhões, e foi aumentando ao longo dos meses. "A trinca está de fora a fora na base do meu muro, estou com medo dele cair daqui a pouco", reclamou.
Acordo
A Associação que representa cerca de 300 moradores do bairro Villa Real já teve duas reuniões com representantes da Prefeitura de Sabará. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) chegou a ser feito para que a empresa responsável pela obra adote medidas para amenizar os transtornos para a população.
Segundo o presidente da associação, Mário Márcio Gatofolo, no termo há o pedido para que haja um limite de horário de circulação de máquinas pesadas e que essa circulação seja feita por ruas menos íngremes, além da necessidade de que o caminhão pipa molhe as ruas mais vezes para amenizar a poeira.
Além do TAC, a associação também está reunindo moradores interessados em mover uma ação indenizatória coletiva contra os responsáveis pelo empreendimento.
Prefeitura de Sabará
Em nota, a administração municipal informou por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que a TAC também contempla a recuperação ambiental da área degradada e aplicação de multas.
O termo está agora, segundo a administração, com o Ministério Público que vai se manifestar sobre a proposta já confeccionada e apresentar à ErgLares Engenharia e aos moradores do bairro.
Em caso de descumprimento do TAC pela construtora, será obrigatório o pagamento de multas, além de haver a possibilidade de paralisação da obra.
Construtora
Por meio de telefones e e-mail que estão disponibilizados no site, o Super Notícia procurou a construtora responsável pela obra dos prédios desde o dia 15/8, mas até a publicação desta reportagem, não obteve retorno.