Tricampeão mundial

50 anos do tri - Jogo duro contra a Romênia e garantiu liderança do grupo

Partida que, em tese, seria a mais tranquila, foi marcada pela pior atuação do Brasil na Copa do Mundo de 1970. Vitória contra romenos garantiu primeiro lugar do grupo C.

Por Frederico Jota
Publicado em 21 de junho de 2020 | 06:00
 
 
 
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A seleção brasileira venceu os dois primeiros jogos na Copa de 1970 mas, ainda assim, não tinha se garantido na próxima fase. Para isso, precisava de pelo menos um empate contra a Romênia, novamente no estádio Jalisco, em Guadalajara, no dia 10 de junho. Diante de 50.804 pagantes, o menor público do Brasil naquele Mundial, a equipe venceu e se classificou, mas teve mais dificuldades do que imaginava. A partida, que terminou 3 a 2 para o Brasil, é mostrada pelo Super.FC, que traz curiosidades sobre a partida e relembra como foi o duelo.

 

O empate não só garantia a vaga como a primeira colocação. Na época, a vitória valia dois pontos. O Brasil tinha quatro, dois a mais que Romênia e Inglaterra, que jogaria no dia seguinte, contra a Tchecoslováquia. Ou seja, as três seleções poderiam terminar empatadas e uma ficaria de fora. Na época, a Fifa  permitia que os jogos decisivos da última rodada da fase de grupos fossem disputados em dias diferentes. Ou seja, a Inglaterra sabia que bastava um empate para ficar com a segunda vaga grupo - os campeões de 1966 venceram por 1 a 0, inclusive.

 

Ser primeiro da chave era muito importante, pois significaria continuar atuando no estádio Jalisco, onde o time já estava acostumado a atuar e com toda a torcida a favor. Ser segundo colocado significaria viajar para León e, pior, enfrentar a Alemanha. A Inglaterra encarou essa viagem e acabou sendo eliminada pelos alemães.

 

Mudanças

 

Para este jogo contra a Romênia, a atuação mais apagada da seleção brasileira no Mundial, o técnico Zagallo fez algumas mudanças na equipe. Poupou Gérson e Rivellino e colocou Piazza em sua posição original, no meio-campo. Com isso, abriu uma vaga para outro cruzeirense na zaga: Fontana. Como Tostão também estava em campo, esse foi o jogo de Copa do Mundo com o maior número de jogadores do Cruzeiro atuando pela seleção brasileira. Paulo César seguiu com a vaga de Gérson e, pela primeira vez na história do Brasil nas Copas, dois jogadores foram substituídos no mesmo jogo: Everaldo deixou o campo para a entrada de Marco Antônio e Edu entrou na vaga de Clodoaldo. O time atuou com Félix, Carlos Alberto, Brito, Fontana e Everaldo (Marco Antônio); Piazza e Clodoaldo (Edu); Jairzinho, Tostão, Pelé e Paulo César.

 

Parecia que o jogo seria tranquilo. Pelé fez 1 a 0, em cobrança de falta logo aos 19 minutos. Dois minutos depois, Jairzinho fez 2 a 0 - o goleiro romeno Adamache foi substituído logo depois, por Radacanu. Aos 34, Dumitrache diminuiu e apertou o jogo. A folga veio com o gol de Pelé aos 20 minutos do segundo tempo. Mas, sem brilhar, o Brasil ainda tomou o segundo gol, de Dembrowski, aos 37, em falha de Félix. O 3 a 2 deu para o gasto. No mesmo dia 10, a Alemanha venceu o Peru e colocou os sul-americanos no caminho do Brasil.

 

Bom time

 

A Romênia voltava a uma Copa do Mundo depois de 32 anos. Sua última participação tinha sido no distante ano de 1938. Nas eliminatórias, eliminou Portugal, terceiro colocado na Copa de 1966. Aliás, apenas os portugueses venceram a Romênia nas eliminatórias. Grécia e Suíça também ficaram para trás. A Romênia só voltaria a uma Copa 20 anos depois, em 1990, quando enfim chegaria à segunda fase.

 

No time romeno, todos atuavam no país de origem, inclusive o atacante Dumitrache, um dos melhores da Europa na época. O jogador, que fez gol no Brasil, recebeu uma ótima proposta da Juventus, mas foi impedido de sair do país pelo presidente Nicolae Ceausecu. Portanto, fez uma carreira basicamente no Dinamo Bucuresti, onde conquistou vários títulos. Um estádio na Romênia leva seu nome. Pela seleção, 15 gols em 31 jogos.

 

Outra estrela do time romeno seria lembrado mais tarde pelos brasileiros por outro motivo. Mircea Lucescu, um dos atacantes naquele 10 de junho, fez uma carreira sólida como atleta, mas como treinador da Internazionale e, especialmente, do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, ficou conhecido por ser fã do futebol brasileiro a ponto de levar vários atletas do país para atuar por lá. 

 

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