Causa

Ativista LGBT+ decide denunciar Neymar por homofobia

Áudio em que jogador xinga o atual namorado da mãe será utilizado como prova para pedido de indenização de R$ 2 milhões

Por Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2020 | 14:58
 
 
 
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Depois de proferir comentários depreciativos e ameaças hipotéticas a Tiago Ramos, namorado de sua mãe, Nadine Gonçalves, o atacante Neymar, do PSG poderá arcar judicialmente com o fato. O episódio do áudio vazado no qual ele xingou o parceiro atual de Nadine, gerou forte reação de militantes LGBTs.

Na gravação com observações a respeito de uma briga entre Tiago e Nadine, Neymar chama o rapaz de "viadinho" que "dá o c* do c***lho". Amigos do atacante sugeriram agredir Tiago. "Vamos matar, enfiar um cabo de vassoura no c* dele", diz um participante da comunicação em grupo. "Matar, não, só tirar uma onda", intervém outro.

O ativista gay Agripino Magalhães acionou o advogado Angelo Carbone para denunciar Neymar e seus amigos ao Ministério Público de SP. De acordo com ambos, será solicitada a apuração do crime de homofobia a partir do áudio. "Muitas pessoas são homofóbicas, transfóbicas, racistas e gordofóbicas e escondem esses preconceitos para estar bem na mídia, não perder amigos", afirma Agripino.

"Em relação ao Neymar, que sempre apareceu ao lado de gays, foi uma decepção. Ele se diz amigo dos LGBTs, mas, entre amigos héteros, ofende quem é homossexual ou bissexual." O militante acredita que Neymar deveria liderar ativismo contra qualquer tipo de preconceito. "Ele faz parte de uma geração com cabeça aberta e de um grupo que sempre sofreu discriminação, que são os jogadores de futebol, tantas vezes alvo de racismo nos estádios."

Em junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) admitiu a criminalização de homofobia e transfobia em equivalência ao crime de racismo, e segundo a corte máxima, praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual da pessoa se tornou ilegal. A pena será de um a três anos, além de multa. A propagação de ato homofóbico em meios de comunicação, com redes sociais, pode elevar a pena a cinco anos.

De acordo com o advogado Angelo Carbone, a indenização será à altura do crime cometido por Neymar.

"Será pedida indenização de dois milhões de reais em benefício de uma ONG que trata e orienta pessoas ameaçadas, humilhadas e maltratadas por homofóbicos", explica. "Neymar não ofendeu só uma pessoa, ele insultou todos os LGBTs. Minorias, como os gays, não podem ser menosprezadas por pessoas insensatas."

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