O presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, e o ex-mandatário alvinegro e atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, tiveram uma conversa para que a função desempenhada por um não tenha interferência do trabalho do outro. Sette Câmara revelou o trato com Kalil em entrevista à rádio Super 91,FM nessa quinta-feira.
“Minha relação com Kalil é muito respeitosa. Um tempo atrás, a gente conversou e preferiu adotar uma certa distância para que não houvesse interferência política no Atlético e nem do Atlético ser utilizado na questão política ligada ao nome dele. Não temos problema nenhum. É um amigo que tenho, uma relação tranquila”, ressaltou Sette Câmara.
Alexandre Kalil presidiu o Atlético por seis anos (2009-2014), sucedido por Daniel Nepomuceno (2015-2017) e, posteriormente, por Sérgio Sette Câmara, que assumiu em 2018 e tem mandato até o fim de 2020. Ambos foram eleitos com o apoio de Kalil.
Depois que deixou o Galo, Alexandre Kalil ingressou na política e foi eleito prefeito da capital em 2016 para o quadriênio 2017-2020. Isso, no entanto, não afastou o ex-presidente do Atlético por completo, até porque ele segue como conselheiro. Na última eleição do conselho deliberativo, em outubro, quando Castellar Guimarães Filho, candidato da situação, foi eleito presidente, Kalil não compareceu para depositar o seu voto, o que abriu especulações de uma cisão com Sette Câmara.
Em entrevista ao Blog Fala Galo no último dia 14 de novembro, Kalil negou ter uma participação direta nas decisões do clube. “Não faço o presidente do Atlético. Existe um grupo político no Atlético. A figura do Kalil dirigente é diferente do conselheiro do Atlético. Eu não mando nada não. O Kalil não colocou ninguém lá. O Sérgio e o Daniel foram nomes levado por todos”, ressaltou. Nessa mesma entrevista Kalil disse que é boato a informação ventilada que ele indicaria a conselheira Adriana Branco à presidência do clube.
À Super, Sette Câmara explicou que seu afastamento de Kalil é algo normal, diante do papel que cada um exerce. “Houve um distanciamento natural, que acontece com quaisquer amigos, que você tem mais ou menos intensidade, dependendo dos seus afazeres. Tenho muita coisa para resolver do Atlético no dia a dia. E ele também, de cuidar de uma cidade gigante como Belo Horizonte”, destacou.
Conforme determina o estatuto do Atlético, Sette Câmara tem direito a concorrer à reeleição. O pleito deve ser marcado para dezembro de 2020. Ele, no entanto, ainda não decidiu se vai querer ficar mais três anos. “Falta muito tempo ainda, vamos deixar a coisa andar. Acabei de sair de um ano difícil, mas vamos aguardar para decidir isso mais adiante. Tem outras pessoas no meu entorno, que troco ideia. Se tiver um nome melhor do que o meu, que venha”, ponderou.
Desde que Kalil assumiu a presidência do Atlético, o clube não tem uma oposição com força política suficiente para cobiçar o cargo. O empresário Fabiano Lopes foi derrotado na eleição passada por 266 votos a 41. Nessa semana, o empresário Fred Couto, que tinha se aliado a Sette Câmara, anunciou o rompimento e colocou seu nome como pré-candidato a presidente em 2020.
“O Atlético tem aí uma oposição, mas ela é saudável, respeitosa e faz parte do processo democrático dentro do clube. Tem que ter respeito e quem vier a assumir o controle do clube, tem que ter o apoio de todos, evitar aquela situação que tem acontecido em outros clubes, que acaba acontecendo uma derrocada”, avaliou Sette Câmara.