O Fortaleza precisou passar por uma reconstrução em 2021. E o processo ao qual o clube foi submetido apresenta viés de sucesso, mesmo que os gastos sejam quase nulos. Terceiro colocado do Brasileirão e semifinalista da Copa do Brasil, o time precisou ser remontado nesta temporada. O presidente Marcelo Paz foi o responsável por ajustar os detalhes.
Depois da eliminação para o Bahia na semifinal da Copa do Nordeste, a diretoria de futebol decidiu pela demissão de Enderson Moreira. A ideia foi buscar um nome com perfil ofensivo, que agradasse mais ao torcedor. O nome do argentino Juan Pablo Vojvoda, que se destacou por Talleres (ARG) e Unión La Calera (CHI), agradou à diretoria, que foi atrás do comandante.
Em entrevista ao Super.FC, o presidente Marcelo Paz explicou o processo: "A gente teve um ano esportivo em 2020 muito diferente devido à pandemia. Os campeonatos foram paralisados e depois retornaram. Como no ano passado, a gente brigou até a última rodada pra não cair, não pudemos fazer muita coisa, são dois orçamentos diferentes na Série B e na Série A. Muitos jogadores tiveram o ciclo encerrado, a gente entendeu que era o momento de dar esse passo, renovar, montar um elenco mais flexível. A gente resolveu modificar o elenco".
O início do trabalho foi com o técnico Enderson Moreira, mas a mudança ocorreu logo após a queda na Copa do Nordeste. E Juan Pablo Vojvoda surgiu como a principal opção da equipe.
"Na verdade, o nome [do Vojvoda] não chegou até a gente. A gente queria um perfil de treinador, com time mais agressivo, que buscasse a vitória. Achamos o nome dele no mercado sul-americano, estava dentro da nossa realidade econômica, com trabalhos de orçamento menor e resultado esportivo, como na Argentina e no Chile. Foi um processo de parte a parte, muito bem elaborado, com reuniões virtuais. Ele foi saber quem eram as pessoas, o projeto e aceitou o nosso convite", declarou o mandatário.
Com a contratação de Vojvoda, foi necessário montar um elenco considerado forte para a temporada brasileira. Sem dinheiro em caixa, o Fortaleza precisou contratar jogadores emprestados, que não demandariam custos, e atletas que estavam livre no mercado da bola.
Marcelo Benevenuto, Daniel Guedes, Matheus Jussa, Éderson, Gustavo Blanco e Lucas Lima chegaram ao clube por empréstimo. Edinho, Valentín Depietri e Ángelo Henríquez desembarcaram na capital cearense em negociações não onerosas. Auxiliado por intermediários que se tornaram parceiros no mercado, o Fortaleza montou o plantel que está à disposição de Vojvoda.
"Não gastamos quase nada para montar o elenco. A gente não tinha orçamento para contratar jogadores, até em função da pandemia [do novo coronavírus]. Esse time foi montado sem a compra de direitos econômicos de atletas", relatou Marcelo Paz no bate-papo.
"Não tem como explicar os gastos exatos com o departamento de futebol, porque envolvem tanta coisa, não compramos direito econômico de ninguém para montar esse elenco. A gente buscou jogadores por empréstimo e em fim de contrato", acrescentou.
Mesmo com gastos baixos para os padrões do futebol nacional, o Fortaleza vive um bom momento. O time briga por uma vaga na próxima edição da Libertadores por meio do Brasileirão e também sonha com o título inédito da Copa do Brasil. Mas qual o segredo para que isso aconteça?
"Eu diria que não tem segredo, tem trabalho de algum tempo. A gestão está no seu quarto ano. Nos últimos anos, investimos muito em estrutura, qualificação humana. Tem uma cultura de crescimento no clube. Tínhamos um time com qualidade técnica. É uma soma de tudo isso que fez com que tenhamos resultados", concluiu.