O conselho deliberativo do Cruzeiro aprovou nesta segunda-feira a alienação do imóvel chamado de Campestre II, na Rua das Canárias, número 269, no Bairro Santa Branca. Apesar de certa polêmica nas últimas semanas em relação à votação favorável, os 223 conselheiros presentes decidiram por aclamação pela venda, que terá como finalidade o pagamento imediato de dívidas na Fifa. O clube espera arrecadar entre R$ 14 a R$ 15 milhões com o terreno, que hoje funciona como um estacionamento para sócios da Sede Campestre.
De acordo com o clube, será aberto já a partir desta terça-feira a oportunidade pública para a apresentação de propostas. "O tempo urge contra nós. A nossa ideia é abrir por uma semana a possibilidade dos interessados receberem propostas, que eles vão lá para conhecer o local, ver mais detalhes de planta, o que pode ser feito, para entender melhor", declarou Sérgio Santos Rodrigues, presidente do Cruzeiro.
A reunião teve uma exposição por parte do mandatário da situação financeira delicada da Raposa. De acordo com o dirigente, o Cruzeiro precisa para esse ano ainda o valor de R$ 30 milhões para pagamento de dívidas na Fifa. A venda da Campestre II poderá abater metade dessas cifras.
"Esse é o motivo de estarmos aqui hoje também. Por mais que a gente esteja fazendo e esteja no caminho certo, isso ainda não é o suficiente para afastarmos as dívidas difíceis que podem chegar para nós neste ano ainda. Por isso que, nesse cenário, a gente optou pelo que seja mais factível de vender pelo preço e que seja o menos utilizado pela comunidade Cruzeiro Esporte Clube e que envolva não só os conselheiros que estão aqui hoje, os associados e a torcida do Cruzeiro", explicou Sérgio.
"Esse valor (de R$ 30 milhões) pode variar. Dependendo a gente pode conseguir um parcelamento como conseguimos com o Independiente Del Valle. Mas é correto contar com isso? Acredito que não. Se a gente tem uma oportunidade de viabilizar uma receita, adequar o nosso fluxo de caixa e evitar perdas desportivas, o melhor caminho é evitar que isso ocorra. Porque isso aqui estou falando de salários, despesas operacionais, enfim, entre outras coisas", acrescentou.
A dívida na Fifa
O mandatário do clube estrelado apontou que a dívida na Fifa estava até o dia 31 de maio em R$ 70,3 milhões e que o clube já quitou um total de cerca de R$ 30 milhões, ativados em pagamentos para o Zorya, da Ucrânia (caso Willian 'Bigode'); Unión Florida, da Argentina (mecanismo de solidariedade caso Ramón Ábila); Tigres, do México (caso Rafael Sóbis); Independiente del Valle, do Equador (caso Caicedo); e duas datas de custos da Fifa.
"Até o dia 31 de maio, essas dívidas (na Fifa), que é o outro dado importante, porque às vezes a gente divulga a dívida, mas não divulga o custo que ela possui para que a paguemos. Uma operação que a gente fez aí, o dólar estava cotado em R$ 5,12, R$ 5,13 mais ou menos, e o custo final foi de R$ 5,50 quando a gente vai somar tudo e mandar o dinheiro para fora. Então são R$ 70,3 milhões (valor total das dívidas na Fifa) até o dia 31 de maio, que estava consolidado, a gente no dia 28 (de maio) teve a primeira do Zorya, que poderia determinar outros menos seis pontos, pagamos R$ 4,4 milhões. Outro valor que a gente ignora, mas é de extrema relevância são as custas na Fifa, que são muito altas, estimadas em R$ 2,3 milhões", disse Sérgio Rodrigues durante a reunião.
Preocupação com o Al-Wahda
O clube tem que pagar, até a próxima quinta-feira, 395.619 mil euros (cerca de R$ 2,4 milhões) ao Spartak Moscou, da Rússia, pela transferência do atacante Pedro Rocha por empréstimo no ano passado. Em caso de não pagamento, o clube pode ser impedido de registrar atletas, como aconteceu com o clube em 2006, quando da punição imposta por causa da contratação do zagueiro Moisés, que já não está mais na Raposa, em ação movida pelo Krilya Sovetov, da Rússia.
A dívida que mais preocupa a diretoria celeste segue sendo a que envolve o volante Denílson. O clube tem que pagar 850 mil euros (R$ 5,3 milhões) ao Al-Wahda para evitar que seja punido com o descenso para a Série C do Brasileiro. O clube árabe solicitou na semana retrasada, como informado pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues, a punição do descenso para a Raposa. O clube agora aguarda a ordem de pagamento por parte da Fifa. O vencimento da dívida será em outubro, mas o clube almeja realizar o débito o mais rápido possível.
"E o que ensejou a gente a convocar essa reunião e mostrar a realidade do clube, temos o problema do Al-Wahda, que já causou a perda de seis pontos no Brasileiro. O Al-Wahda está pedindo agora a execução desse não pagamento dos seis pontos perdidos que pode acarretar um rebaixamento à Série C, a única punição que ainda pode existir. Eu não preciso explicar para vocês (conselheiros), a gravidade. As dívidas na Fifa, a maioria delas, a gente não consegue dizer quando vai vencer, porque ela pode estar consolidada e a gente recebe uma carta que pode ser daqui a 30 dias ou a 90. Nosso grande objetivo é não ter que fazer loucura, correria, se a gente receber essa carta que pode causar essa punição e aí o motivo de estarmos reunidos", apontou o presidente.
Acordos e pagamentos
O Cruzeiro conseguiu acordar com o Independiente Del Valle o parcelamento da dívida referente ao zagueiro Caicedo. O débito de US$ 674.502,00 (cerca de R$ 3,6 milhões) e mais uma segunda ação de cifras maiores que não foram reveladas, foi dividido em 18 vezes. O clube também conseguiu um acordo com o Tigres, do México, em relação à transferência de Rafael Sóbis, um débito no valor total de R$ 17,2 milhões; e ainda quitou parte da dívida com o Zorya, da Ucrânia, pela vinda do atacante Willian 'Bigode', cerca de R$ 3,5 milhões com o auxílio do Supermercados BH.
Os valores da Campestre II
Foram feitas três avaliações por parte de empresas especializadas sobre o valor da Campestre II. O clube fará uma média, mas as cifras variam entre R$ 14 a R$ 15 milhões. Veja abaixo:
Proposta 1
R$ 15.176.623,10 (terreno)
R$ 4.800.000,00 (galpão)
Proposta 2
R$ 14.369.846,20
Proposta 3
R$ 13.661.473,50