O Cruzeiro divulgou, na noite dessa terça-feira (9/4), uma nota oficial fazendo esclarecimentos sobre a dívida com a Minas Arena, após a gestora do Mineirão notificar o clube, com prazo de 30 dias para se manifestar. O clube contesta declarações do diretor comercial da concessionária, Samuel Lloyd, envolvendo o contrato em vigência com a Raposa. “Em suas declarações, Samuel alega que o Cruzeiro não teria repassado à concessionária um montante que ultrapassa os R$ 26 milhões, valor contestado pelo clube, relacionado ao custo operacional de seus jogos no estádio”, diz a nota.
O Cruzeiro esclarece que “devido ao contrato de fidelidade firmado pelas partes no ano de 2012, o clube possui a prerrogativa de analisar as condições que a Minas Arena oferece para que outros clubes atuem no estádio e, caso queira, adotar este modelo desde então.” E continua: “Desta forma, desde o mês de julho de 2013, após o Atlético-MG atuar no Mineirão sem a necessidade de pagar pelos custos operacionais em uma partida, o Cruzeiro – se baseando no contrato – entendeu que tinha o direito do mesmo tratamento e a questão entrou na esfera judicial, na qual permanece.”
Ainda na nota oficial, o Cruzeiro discorda dos valores declarados pela Minas Arenas quanto à dívida do clube com a gestora do Gigante da Pampulha. “O Cruzeiro acredita que o atual montante esteja na casa de R$ 18 milhões, motivo de nova contestação judicial, uma vez que a Minas Arena alega que o valor chega a R$ 26 milhões. O clube ainda esclarece que, desde junho de 2016, 25% da renda líquida em todos os seus jogos são depositados em juízo, valor este acumulado em mais ou menos R$10 milhões.”
O clube celeste faz questão de ressaltar que o montante relacionado à atual diretoria “está na casa de R$ 1,8 milhão”. “O Cruzeiro reitera que, mesmo tendo voltado a pagar por tais despesas, isso não significa que o clube concorde com o que é cobrado pela Minas Arena, mas, sim, uma sinalização pela busca de uma melhora na relação cotidiana com a concessionária.”
O clube ainda comenta o suposto prejuízo declarado pela Minas Arena. “Apesar de algumas declarações de Samuel Lloyd darem a entender que a Minas Arena poderia ter prejuízo devido à parceria, a concessionária possui diversas fontes de receitas que só são estimuladas pelos jogos do Cruzeiro, entre elas 2/3 do lucro do estacionamento e dos bares, exploração publicitária de forma exclusiva do espaço do estádio que não sejam placas no gramado, venda de cerca de 6 mil ingressos nas áreas nobres do Mineirão, comercialização dos camarotes e de pacotes anuais de ingressos, uma vez que o Cruzeiro é o único clube que garante ao estádio um calendário fixo de eventos durante todo o ano.”
Outro lado
Ao Super FC, Samuel Lloyd, diretor comercial da Minas Arena, havia respondido declarações de Itair Machado à rádio 98 FM. Itair chegou a afirmar que a dívida da atual gestão com o estádio é de R$ 350 mil, valor que a Minas Arena contesta. “Essa dívida específica é praticamente cinco vezes o valor dito pelo Itair e chega quase a R$ 2 milhões”, disse Lloyd. “Essa notificação não aponta para a rescisão de contrato, mas, sim, para que o Cruzeiro manifeste-se e nos explique como será feito o pagamento. Chegamos a um momento em que não podemos esperar mais. Temos desembolsado R$ 26 milhões para financiar os jogos do Cruzeiro.”
Lloyd prosseguiu. “São duas ações que estão sendo discutidas judicialmente. A primeira é de 2013 a 2015, que já soma mais de R$ 12 milhões. A outra é de 2016 a 2017, de R$ 12,4 milhões”, completou.
“Quando a nova gestão do Cruzeiro assumiu, eles começaram a pagar os valores de forma regular, mesmo que atrasassem um ou dois jogos. Essa situação permaneceu até abril de 2018, e depois eles ficaram cerca de 11 jogos no ano sem nos pagar, até que a situação voltou a ser regularizada próximo do fim da temporada. Em 2019, apenas um jogo foi pago”, declarou o diretor da Minas Arena.