Mais um capítulo na emaranhada investigação que envolve as práticas excusas na administração Wagner Pires de Sá no Cruzeiro. O blog da jornalista Gabriela Moreira, da TV Globo, apontou nesta quinta-feira que a Polícia Federal enviou à Polícia Civil conversas entre dirigentes e integrantes do departamento jurídico do clube celeste que levantam suspeitas de desvio de recursos. O encaminhamento foi realizado no mês passado.
Nos diálogos estão mensagens trocadas entre o advogado e conselheiro do Cruzeiro, Ildeu da Cunha Pereira Sobrinho, e o advogado Leopoldo Souza Lima Mattos de Paiva, que seria o "interposto na movimentação supostamente ilícita de valores do Cruzeiro Esporte Clube", segundo aponta o despacho da juíza Camila Franco e Silva Velano, da 4ª Vara Criminal Federal de Belo Horizonte, do dia 26 de março.
No compartilhamento do despacho, a magistrada aponta que "foram revelados indícios de práticas criminosas, relacionadas ao desvio de recursos do CRUZEIRO ESPORTE CLUBE por meio de pagamento de honorários para advogados e para serviços de contabilidade. Ademais, o Presidente do CRUZEIRO ESPORTE CLUBE, ITAIR MACHADO, e o Diretor Jurídico, FABIANO DE OLIVEIRA COSTA, deixaram evidenciar a possibilidade de outros desvios de recursos do clube, envolvendo os advogados ora investigados, ILDEU DA CUNHA PEREIRA e CARLOS ALBERTO ARGES", relata o documento.
No caso, Itair Machado, apontado como presidente do Cruzeiro, foi na verdade o vice de futebol da época, mas seu nome é citado em diálogos da investigação que vem sendo conduzida. Em relação ao seu nome no despacho, Itair disse que aconteceu um erro de digitação e que jamais foi investigado pela Polícia Federal e intimado.
Ildeu da Cunha faleceu em fevereiro deste ano, aos 58 anos, devido a um infarte. Ele foi superintendente jurídico do Cruzeiro e conselheiro do clube. Foi no celular de Ildeu que a Polícia encontrou indícios de desvios de recursos, compartilhando no mês passado o material que está sob investigação. O advogado e também Carlos Alberto Arges foram presos pela Polícia Federal no ano passado quando investigados nas operações Escobar e Capitu.
Arges, no entanto, não está sendo investigado pela Polícia Civil, mas sim em um inquérito da Polícia Federal sobre o suposto vazamento de informações sigilosas da corporação para grupos investigados.
A reportagem do Super.FC buscou contato com Domiciano Monteiro, delegado da Polícia Civil e chefe da Divisão Especializada em Investigação de Fraude, que retornou esclarecendo que o processo de apuração das denúncias envolvendo o Cruzeiro está em estágio final, com a autoridade policial se preparando para manifestar muito em breve sobre a primeira parte dos apontamentos descobertos. Sobre o caso específico da informação citada pela jornalista Gabriela Moreira, Domiciano não quis comentar as implicações das conversas enviadas pela Federal na investigação.
Recentemente, o presidente Sérgio Santos Rodrigues disse em live que o clube se prepara para ações legais contra os envolvidos nas investigações. O jurídico projeta até incursões para bloqueios de bens. Para tanto, a Raposa espera a conclusão das investigações e os apontamentos que serão apresentados pela Polícia Civil e Ministério Público.