Na maratona aquática, os atletas possuem um espaço reduzido para divulgar as marcas dos seus patrocinadores ou, até mesmo, de ações que apoiam. Além disso, as regras de algumas competições não permitem nenhum tipo de alusão a apoiadores ou campanhas, sendo autorizados a colocar somente seu nome e a bandeira do país que representam.

Durante a pandemia, Ana Marcela Cunha, grande esperança de medalha para o Brasil nos Jogos de Tóquio, ano ano que vem, aproveita algumas brechas para mostrar seu apreço a pessoas e ídolos que merecem seu reconhecimento.

No último final de semana, ela participou do Campeonato Francês, último dos quatro torneios recentes que disputou, antes de retorno para o Brasil. Os eventos serviram para marcar a retomada de Ana às competições após paralisação provocada pela pandemia de coronavírus. Em todos ele, Ana terminou no pódio. 

Depois de bronze na prova de 10km, ela foi ouro na prova de 5km, que teve homenagem em sua touca. Ana fez questão de dar uma força para Fernando Possenti, seu treinador, que viu a mãe falecer nos últimos dias, vítima de câncer.

"A gente teve a notícia ainda durante os treinamentos da Missão Europa em Rio Maior. Ele voltou pra casa e ficamos sem sua presença por três semanas. Treinamos separados e fiz isso por ele, uma surpresa porque sabia que ele estaria nesta competição na França. A touca carregava o nome da mãe dele (Mariângela de Fátima Alves), uma homenagem que não tem preço. Quando alguém do time perde um ente querido, a gente também perde. Qualquer coisa que acontece com um membro da família, é como se fosse com a gente. Na hora de competir, todos estamos envolvidos, somos uma família e por isso resolvi fazer a homenagem. Sempre que tiver esse brecha, tentarei fazer algo novo, gostei muito dessas iniciativas", afirma. Para surpreender o técnico, Ana pediu que ele trouxesse, em sua mala, o acessório com a homenagem, sem que ele soubesse da ideia. 

Gesto já havia acontecido anteriormente

Na primeira competição realizada após os meses de paralisação (travessia Capri-Napoli), ela nadou com touca que remeteu ao capacete que foi usado por anos por Ayrton Senna, em ação conjunta com o Instituto que leva o nome do piloto falecido em 1994. 

"A touca é um dos poucos espaços que podemos explorar quando estamos competindo. Em competições nacionais, posso colocar a logo dos meus patrocinadores, mas fora do país o regulamento e outro. Em competições não-oficiais, tenho essa oportunidade. O Senna é um ídolo para muita gente, o cara que percorreu um caminho que é seguido por muitos, que inspira as pessoas por sua história. Tenho uma tatuagem dele e não é à toa, um cara muito importante na minha vida esportiva, um espelho pra mim", comenta. O acessório trouxe sorte com Ana terminando na segunda colocação na prova de 36km. Na Travessia da Ilha da Madeira, em Portugal, ela terminou com o ouro.  

Ana Marcela faz parte do Time Nissan, que patrocina 11 atletas olímpicos e paralímpicos do país. Nesta terça-feira, a montadora japonesa renovou o contrato de todos eles até o final de 2021.