Questionamentos

Coimbra critica FMF e aponta erros e problemas em volta do Campeonato Mineiro

Manager do time, Hissa Elias Moisés questiona quem irá arcar com os vários custos que os clubes do interior, já sem orçamento, terão

Por Gabriel Pazini
Publicado em 24 de junho de 2020 | 15:47
 
 
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A Federação Mineira de Futebol (FMF) acredita em um retorno do Campeonato Mineiro em 26 de julho. No entanto, essa volta e finalização da competição nos moldes propostos pela entidade tem sido duramente criticada por vários clubes do interior, o que faz com que a retomada do Estadual possa ocorrer de outra forma, em outra data ou até mesmo ir parar na Justiça.

Na semana passada, o Super.FC mostrou o descontentamento de clubes do interior e seus dirigentes com a postura da FMF, as várias dificuldades, especialmente financeiras, para o retorno do Estadual da forma proposta pela entidade e até mesmo a possibilidade de uma briga na Justiça. Nesta quarta-feira (24), em entrevista exclusiva à rádio Super 91,7 FM, Hissa Elias Moisés, manager do Coimbra, confirmou diversas das informações mostradas pela reportagem e questionou a FMF quanto aos custos e a forma para a finalização do Mineiro.

"A FMF fala em jogar, em fixar data, mas vamos jogar onde? E quem vai bancar esses custos de viagem e de registrar novos jogadores? Temos o custo de novas inscrições, de fazer exames de Covid-19 completos, uma quarentena com quatro, cinco refeições, treinos, isotônicos e medicamentos para os atletas, semanas de hospedagem... Depois disso tem sede, mas para onde vamos? Em qual cidade vamos jogar? De quem é a responsabilidade de todos esses gastos?", perguntou o dirigente.

A fala do manager do Coimbra ressalta questionamentos de dirigentes que, ao Super.FC, tinham reclamado das mesmas questões e apontado os problemas financeiros dos clubes do interior, já sem orçamento, para arcar com os vários gastos para o retorno do Estadual, além da volta dos treinamentos e vários outros pontos.

"Na verdade, a gente não tem como voltar, falar em retomada, se não existe uma data oficial por parte da FMF. Existiram várias especulações antes e agora falam em 26 de julho, mas não tem uma data oficial. É difícil para sete clubes retomarem suas atividades pelos gastos que vão ter. Digo sete porque América, Atlético, Cruzeiro, Boa e Tombense têm competições nacionais e estão em atividade por isso, mas os outros clubes só disputariam o restante do Mineiro. Isso envolve fatores financeiros e de saúde. De saúde, na reunião da semana passada inclusive me causou surpresa o Coimbra não ter sido convidado para essa reunião que teve os médicos de América, Atlético e Cruzeiro. O CT do Coimbra é em Contagem, com muito orgulho, mas nossa sede administrativa é em Belo Horizonte. Não recebemos nem temos o protocolo para poder tomar medidas em relação ao protocolo deles. O protocolo do Coimbra está pronto. Estamos prontos para voltar. Mas só vamos voltar quando tivermos um documento oficial da FMF com a data oficial", reclamou Moisés, em outra situação também apontada anteriormente pelo Super.FC, com os clubes do interior reclamando de não participarem da reunião com a FMF e seus médicos não terem sido ouvidos pela entidade.

O manager do Coimbra, que voltou a dizer ser contra a volta do futebol brasileiro durante a pandemia do novo coronavírus, especialmente no pico da pandemia, também criticou a bagunça no Campeonato Carioca. "Sou totalmente contra a volta do futebol brasileiro por causa dessas irresponsabilidades e essa série de fatores que fazem parecer brincadeira e pelada de fim de semana. Olha o Campeonato Carioca, por exemplo, cheio de idas e vindas. Não tem a mínima condição. O Brasil está no ápice da pandemia e querendo fazer o que a Europa está fazendo. Não temos estrutura nem estrutura financeira para isso. E existe uma diferença também: estamos no ápice, eles já passaram por isso. Como a gente fala em jogar, em data?", criticou.

Apesar das críticas e ser contra a volta do Estadual, Hissa Elias Moisés ressaltou que o Coimbra vai disputar o restante do Campeonato Mineiro, mas apontou outra situação problemática do retorno e voltou a reclamar da FMF.

"O Coimbra, quando tiver data, entrará em condições e vai jogar, mas como você termina um campeonato que não vai estar terminando em termos de equidade? Agora, você ouve dirigentes dizendo que vão jogar com times sub-20, jogadores amadores da região... Como fica isso daí? Você começa o torneio de um jeito e termina de outro? Nós já jogamos fora de casa contra estádio cheio, torcida adversária e times fortes. Outra situação é que a responsabilidade de qualquer coisa que ocorre com o atleta é do clube. Se você tiver um caso de Covid-19 ou morte, como fica a indenização? Quem vai arcar com isso? Mais uma vez o filiado da FMF? A FMF está olhando para os filiados dela ou olhando com outros interesses?", questionou o dirigente.

A situação de possíveis indenizações, custos e equidade também foram alvos de reclamações de dirigentes de clubes do interior que criticaram a FMF na matéria do Super.FC na semana passada. Caldense, Cruzeiro e a briga contra o rebaixamento foram usados como exemplos na reportagem.

Mesmo com tantos problemas e tantas indefinições, a FMF prevê o retorno do Campeonato Mineiro para a disputa das duas rodadas restantes da fase classificatória, do mata-mata e também do Troféu Inconfidência, em 26 de julho. Os jogos ocorreriam em uma única cidade, com as equipes isoladas, confinadas e passando por testagem constante do novo coronavírus. O torneio seria finalizado em três semanas, tendo partidas de três em três dias. Segundo apurou o Super.FC, o município preferido pela FMF é Belo Horizonte. No entanto, caso não ocorra a liberação da capital, a reta final da competição deverá acontecer em Nova Lima ou Sete Lagoas.

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