A Federação Mineira de Futebol (FMF) acredita em um retorno do Campeonato Mineiro em 26 de julho. No entanto, essa volta e finalização da competição nos moldes propostos pela entidade tem sido duramente criticada por vários clubes do interior, o que faz com que a retomada do Estadual possa ocorrer de outra forma, em outra data ou até mesmo ir parar na Justiça.
Na semana passada, o Super.FC mostrou o descontentamento de clubes do interior e seus dirigentes com a postura da FMF, as várias dificuldades, especialmente financeiras, para o retorno do Estadual da forma proposta pela entidade e até mesmo a possibilidade de uma briga na Justiça. Nesta quarta-feira (24), em entrevista exclusiva à rádio Super 91,7 FM, Hissa Elias Moisés, manager do Coimbra, confirmou diversas das informações mostradas pela reportagem e questionou a FMF quanto aos custos e a forma para a finalização do Mineiro.
"A FMF fala em jogar, em fixar data, mas vamos jogar onde? E quem vai bancar esses custos de viagem e de registrar novos jogadores? Temos o custo de novas inscrições, de fazer exames de Covid-19 completos, uma quarentena com quatro, cinco refeições, treinos, isotônicos e medicamentos para os atletas, semanas de hospedagem... Depois disso tem sede, mas para onde vamos? Em qual cidade vamos jogar? De quem é a responsabilidade de todos esses gastos?", perguntou o dirigente.
A fala do manager do Coimbra ressalta questionamentos de dirigentes que, ao Super.FC, tinham reclamado das mesmas questões e apontado os problemas financeiros dos clubes do interior, já sem orçamento, para arcar com os vários gastos para o retorno do Estadual, além da volta dos treinamentos e vários outros pontos.
"Na verdade, a gente não tem como voltar, falar em retomada, se não existe uma data oficial por parte da FMF. Existiram várias especulações antes e agora falam em 26 de julho, mas não tem uma data oficial. É difícil para sete clubes retomarem suas atividades pelos gastos que vão ter. Digo sete porque América, Atlético, Cruzeiro, Boa e Tombense têm competições nacionais e estão em atividade por isso, mas os outros clubes só disputariam o restante do Mineiro. Isso envolve fatores financeiros e de saúde. De saúde, na reunião da semana passada inclusive me causou surpresa o Coimbra não ter sido convidado para essa reunião que teve os médicos de América, Atlético e Cruzeiro. O CT do Coimbra é em Contagem, com muito orgulho, mas nossa sede administrativa é em Belo Horizonte. Não recebemos nem temos o protocolo para poder tomar medidas em relação ao protocolo deles. O protocolo do Coimbra está pronto. Estamos prontos para voltar. Mas só vamos voltar quando tivermos um documento oficial da FMF com a data oficial", reclamou Moisés, em outra situação também apontada anteriormente pelo Super.FC, com os clubes do interior reclamando de não participarem da reunião com a FMF e seus médicos não terem sido ouvidos pela entidade.
O manager do Coimbra, que voltou a dizer ser contra a volta do futebol brasileiro durante a pandemia do novo coronavírus, especialmente no pico da pandemia, também criticou a bagunça no Campeonato Carioca. "Sou totalmente contra a volta do futebol brasileiro por causa dessas irresponsabilidades e essa série de fatores que fazem parecer brincadeira e pelada de fim de semana. Olha o Campeonato Carioca, por exemplo, cheio de idas e vindas. Não tem a mínima condição. O Brasil está no ápice da pandemia e querendo fazer o que a Europa está fazendo. Não temos estrutura nem estrutura financeira para isso. E existe uma diferença também: estamos no ápice, eles já passaram por isso. Como a gente fala em jogar, em data?", criticou.
Apesar das críticas e ser contra a volta do Estadual, Hissa Elias Moisés ressaltou que o Coimbra vai disputar o restante do Campeonato Mineiro, mas apontou outra situação problemática do retorno e voltou a reclamar da FMF.
"O Coimbra, quando tiver data, entrará em condições e vai jogar, mas como você termina um campeonato que não vai estar terminando em termos de equidade? Agora, você ouve dirigentes dizendo que vão jogar com times sub-20, jogadores amadores da região... Como fica isso daí? Você começa o torneio de um jeito e termina de outro? Nós já jogamos fora de casa contra estádio cheio, torcida adversária e times fortes. Outra situação é que a responsabilidade de qualquer coisa que ocorre com o atleta é do clube. Se você tiver um caso de Covid-19 ou morte, como fica a indenização? Quem vai arcar com isso? Mais uma vez o filiado da FMF? A FMF está olhando para os filiados dela ou olhando com outros interesses?", questionou o dirigente.
A situação de possíveis indenizações, custos e equidade também foram alvos de reclamações de dirigentes de clubes do interior que criticaram a FMF na matéria do Super.FC na semana passada. Caldense, Cruzeiro e a briga contra o rebaixamento foram usados como exemplos na reportagem.
Mesmo com tantos problemas e tantas indefinições, a FMF prevê o retorno do Campeonato Mineiro para a disputa das duas rodadas restantes da fase classificatória, do mata-mata e também do Troféu Inconfidência, em 26 de julho. Os jogos ocorreriam em uma única cidade, com as equipes isoladas, confinadas e passando por testagem constante do novo coronavírus. O torneio seria finalizado em três semanas, tendo partidas de três em três dias. Segundo apurou o Super.FC, o município preferido pela FMF é Belo Horizonte. No entanto, caso não ocorra a liberação da capital, a reta final da competição deverá acontecer em Nova Lima ou Sete Lagoas.