Copa do Mundo

Da magia ao pesadelo: os 40 anos da tragédia do Sarriá

Há quatro décadas, brasileiros e italianos se encontravam na Copa da Espanha, com triste lembrança para a Canarinho

Por Daniel Seabra
Publicado em 05 de julho de 2022 | 05:00
 
 
 
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Uma seleção que encantou o mundo. Assim foi cantado, em verso em prosa, o time convocado pelo técnico Telê Santana para a disputa da Copa do Mundo de 1982, disputada na Espanha. O comandante conseguiu reunir grandes nomes, de uma geração estelar. Claro, com algumas polêmicas e discordâncias, mas nunca em relação ao talento individual de cada um.

O Brasil não ganhava uma Copa desde 1970, e chegou à Espanha carregando uma responsabilidade de voltar com o tetra. Logo nas Eliminatórias, a equipe canarinho mostrou sua força, passando em primeiro lugar em um grupo com Bolívia e Paraguai, e garantindo a vaga no Mundial.

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Na primeira fase, apesar de uma dura vitória de virada sobre os soviéticos (2 a 1, gols de Sócrates e Éder), o Brasil não encontrou dificuldades. Mostrando um futebol exuberante, o time garantiu duas goleadas, sobre Escócia (4 a 1, gols de Zico, Oscar, Éder e Falcão) e Nova Zelândia (4 a 0, gols de Zico, duas vezes, Falcão e Serginho Chulapa). Assim, se garantiu para pegar Argentina e Itália no agrupamento da próxima fase.

Os italianos abriram a etapa seguinte vencendo os argentinos, que chegaram ao Mundial como os atuais campeões, por 2 a 1. Na sequência foi a vez dos brasileiros também baterem a equipe de Diego Maradona, que inclusive foi expulso. O placar de 3 a 1, gols de Zico, Serginho Chulapa e Júnior, deu ao time de Telê a vantagem de jogar pelo empate contra os italianos para ir à semifinal.

E em 5 de julho de 1982, às 17h15, brasileiros e italianos entraram em campo, no Estádio Sarriá, em Barcelona. De um lado, uma equipe que encantava os torcedores e a imprensa mundial, com seu jogo mágico, contra uma Azzurra que chegou aos trancos e barrancos.Para se ter uma ideia, os italianos empataram seus três jogos na primeira fase da Copa, contra Polônia, Peru e Camarões. Parecia uma barbada. Parecia...

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O Brasil tentava, buscava, mas nunca esteve à frente do placar nesta partida. Contra uma pragmática Itália, os comandados de Telê Santana não encontraram o futebol que lhes garantiu o 'título' de favoritos ao título. Paolo Rossi abriu o marcador, logo aos 5 minutos de jogo. Sócrates empatou aos 12. Novamente Rossi, aos 25, colocou os italianos à frente, placar que foi para os vestiários.

Na segunda etapa, Falcão, aos 23 minutos, marcou o gol que poderia levar o Brasil à semi. Poderia, se o carrasco italiano Paolo Rossi não tivesse marcado seu terceiro gol no jogo, aos 29 minutos. Provavelmente, uma derrota tão doída para os brasileiros quanto o Maracanazo, de 1950. Rossi voltaria a marcar dois gols na vitória por 3 a 0 na semifinal sobre a Polônia, e outro na decisão, com novo triunfo italiano sobre a Alemanha, por 3 a 1, garantindo o tricampeonato aos italianos.

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Não é raro encontrar quem aponte aquele time, de 82, como maior do que os de 94 ou 2002, que sagraram-se campeões mundiais. Afinal, futebol é resultado ou beleza? Aquela equipe trouxe, e mantém, há 40 anos, esta discussão acessa.

Do sonho ao pesadelo. Da emoção à dura realidade. O time que brilhava, que tinha nomes pinçados a dedo por Telê Santana em todas as posições, que era temido pelos adversários, caiu e deu adeus à Copa do Mundo. O canarinho voou, mas de volta para o Brasil.

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