Reprise

Galo x Cruzeiro: jornalistas falam da experiência de recontar duelos históricos

Clássico Galo x Cruzeiro da final da Copa do Brasil de 2014 será retransmitido neste domingo (31); jornalistas revelam como é o trabalho em duelos cheios de rivalidade

Por Geremias Sena
Publicado em 30 de maio de 2020 | 08:30
 
 
 
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Rever jogos históricos tem sido uma boa alternativa para os apaixonados por futebol neste período de paralisação dos campeonatos. Neste domingo (31), às 16h, na TV Globo Minas, mais um duelo envolvendo clubes mineiros vai mexer de novo com a eterna disputa entre os torcedores de Galo e Raposa. A decisão da Copa do Brasil de 2014, quando o alvinegro conquistou seu único título nacional do torneio, voltará a ser prato cheio para os acalorados debates, mesmo em tempos de quarentena. 

“O esporte está no DNA do brasileiro. E em BH, uma metrópole fantástica, mas sem praia, o futebol é nossa principal fonte de entretenimento popular. Os torcedores podem estar espalhados, distribuídos por plataformas e redes sociais diferentes, mas, no fim, precisam de um assunto comum para a conversa render. E o futebol é um assunto apaixonante e inesgotável”, diz o narrador Rogério Corrêa.

Para quem apresenta o espetáculo, emoções também não faltam. Originalmente, o clássico decisivo foi narrado na Globo por Corrêa e teve comentários de Bob Faria. A dupla, que faz essa dobradinha há quase 17 anos, estará novamente em ação neste domingo (31), ao vivo, participando da apresentação da reprise. Os dois conversaram nessa semana com a reportagem do Super.FC e admitiram que essas retransmissões também são um momento especial para eles como profissionais. 

“Pelo menos para mim, a emoção é a mesma”, diz Bob Faria. “É bacana, é divertido ver até como a nossa percepção das coisas evoluiu, além da parte técnica, da transmissão, evidentemente. E contar histórias é muito bom, mesmo que não sejam inéditas”, completa. 

Para Rogério Corrêa, as reprises proporcionam também aprendizado. “No nosso caso, é uma oportunidade de rever o jogo de uma maneira mais racional, relembrar, avaliar com outros olhos, perceber coisas que passaram batido. Para os mais jovens, é uma chance de ver o time tão elogiado por pais, tios, avós”, afirma.

A programação de reprises começou com Atlético x Olímpia, do Paraguai, na final da Libertadores de 2013. No domingo seguinte, foi a vez de o torcedor do Cruzeiro reviver a decisão do torneio continental de 1997, na conquista do bicampeonato celeste diante do Sporting Cristal, do Peru. Além do clássico mineiro deste fim de semana, está prevista ainda a transmissão de Cruzeiro x São Paulo que valeu à Raposa o título da Copa do Brasil de 2000. Esse jogo será reprisado no domingo (7/6). 

“Reprisar os jogos ajuda a manter acesa a paixão pelo futebol. Além do mais, é uma oportunidade de exibir, na íntegra na TV aberta, jogos memoráveis, o que não é possível na nossa rotina, com transmissões ao vivo toda quarta e todo domingo. A princípio, teremos mais dois domingos com as transmissões históricas. Tudo (outras reprises) depende da decisão das autoridades sobre a volta das competições. O que posso dizer é que o departamento de programação da Globo tem um acervo fantástico”, avisa Rogério Corrêa.

Imparcialidade

Como o futebol é uma paixão muitas vezes inexplicável, quem trabalha nessa área, volta e meia, é taxado de puxar a sardinha para um lado, principalmente em se tratando de coberturas de clássicos regionais. Os jornalistas falaram também desse assunto delicado, já que envolve profissionalismo em meio a um turbilhão de emoções que vêm de todos os lados.

Rogério Corrêa reconhece que o cuidado precisa ser redobrado. “Tentar ser o mais preciso possível. Evitar adjetivos. Dar espaços semelhantes aos dois (clubes rivais), nas informações, nas entrevistas, nas análises”, afirma.

Para Bob Faria não há uma receita para transmitir imparcialidade nas coberturas esportivas. “Não tem receita. Tem trabalho, estudo, preparo. Apurado senso ético acima de tudo. Uma coisa que aprendi é que ninguém liga a TV para ver dois times jogando. O torcedor quer ver o time dele. Então qualquer coisa que se diga, que não seja do ponto de vista de alguém que ligou a TV para ver aquele time, soa contra (risos)”, afirma o comentarista.

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