Comando máximo

URT é o único clube presidido por uma mulher na elite do futebol mineiro

Maria Isabel foi eleita no ano passado para um triênio até 2022 e vive cenário ainda pouco comum no país

Por Isabelly Morais
Publicado em 08 de março de 2020 | 06:00
 
 
 
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Jurema Bagatini Ramos fez história ao se tornar a primeira presidente de um clube de futebol no Brasil. O feito foi alcançado no Esporte Clube Encantado, time do interior do Rio Grande do Sul, em 1973. A pioneira abriu portas para outras mulheres, como Maria Isabel Pimenta, mandatária da URT, de Patos de Minas. A mineira, natural de Matutina, é a única mulher a ocupar o cargo mais alto de um time dentre os participantes da elite do Mineiro de 2020.

A trajetória de Maria com o Trovão Azul é extensa. Ela chegou ao clube na década de 90, tendo sido conselheira, secretária e presidente do Conselheiro Deliberativo antes de chegar efetivamente à presidência executiva. Maria Isabel foi eleita em meados do ano passado, com um mandato que vai até 2022.

“A URT mora no meu coração. Minha história começou sendo vizinha do clube e passei a participar e gostar ainda na juventude. É com muito orgulho que falo dessa entidade grande e forte dentro do futebol mineiro”, comenta a mandatária.

Ao longo dos 80 anos da URT, Maria Isabel é a primeira a presidir o clube. O último caso parecido na elite do futebol mineiro foi Myrian Fortuna, que dirigiu o Tupi, de Juiz de Fora, nos triênios 2014-2016 e 2017-2019.

“É um lugar ainda muito machista, mas as mulheres que gostam de esporte precisam mostrar o seu trabalho e participar, porque é importante o olhar feminino no futebol. A presença das mulheres em cargos altos ainda é pequena. Temos que abrir campanha para colocar cada vez mais a figura feminina dentro do esporte, principalmente no futebol. Já melhoramos bastante, mas precisamos de ainda mais”, opina Maria, que afirmou não ter encontrado resistência na URT.

Histórico no Brasil e no mundo

Jurema foi a primeira a ocupar o cargo de presidente de um clube no Brasil e levou o Encantado da falência à primeira divisão do futebol gaúcho. Apesar dos expressivos resultados esportivos, teve sua capacidade administrativa questionada. Na época, um padre da cidade chegou a condenar a situação em jornais, afirmando a ausência de "tino administrativo" nas mulheres.

Depois de Jurema, outras presidiram clubes no Brasil. No Corinthians, Marlene Matheus ocupou o cargo mais alto de 1991 a 1993, sendo a primeiro e única mulher a presidir o time do Parque São Jorge. Marlene foi casada com Vicente Matheus, lendário presidente do clube.

No Rio de Janeiro, Patrícia Amorim foi mandatária do Flamengo no triênio 2010-2012, sendo também a primeira no clube rubro-negro. Antes disso, tinha sido nadadora na Gávea, colecionando recordes sul-americanos. Disputou, ainda, os Jogos Olímpicos de Seul-1988.

Fora do Brasil, também há casos de mulheres a frente de clubes. Lucía Barbuto é presidente do Banfield (ARG) desde 2018, tendo sido a primeira da elite do futebol argentino. Na Espanha, Victoria Pavón Palomo preside o Leganés desde a temporada 2009/10.

O futebol italiano já registrou duas mandatárias: Francesca Menarini presidiu o Bologna de 2008 a 2010. Já Rosella Sensi, na Roma, sucedeu o pai, Franco Sensi, e teve um mandato de 2008 a 2011. Na Suíça, Gisela Oeri ocupou o cargo mais alto do Basel de 2006 a 2011, deixando o clube por problemas de saúde.

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