Icônico

Veja as cinco maiores polêmicas do ex-presidente do Vasco Eurico Miranda

Diante da morte do ex-dirigente cruz-maltino, o Super FC relembra algumas das principais polêmicas que ilustraram sua trajetória

Por Wallace Graciano
Publicado em 12 de março de 2019 | 15:13
 
 
 
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Icônico presidente vascaíno, Eurico Miranda nos deixou nesta terça-feira (12), aos 74 anos, vítima das sequelas de um tratamento de um tumor no cérebro. Amado por uns, odiado por outros, o dirigente cruz-maltino colecionou, além de títulos enquanto esteve à frente do Vasco, inúmeras polêmicas. O Super FC relembra algumas para ilustrar sua trajetória. Confira abaixo:

1987 – Traição?

Quantas vezes você já se deparou sobre o debate em relação ao campeão do Brasileiro de 1987? Seja Sport ou Flamengo, um dos principais atores do imbróglio é justamente Eurico Miranda. À época vice-presidente do Vasco (cargo que ocupou até 2000, antes de ser empossado como mandatário cruz-maltino), ele foi nomeado como o representante dos clubes para dialogar com a Confederação Brasileira de Futebol  (CBF) a respeito do Nacional daquele ano. Como sua trajetória ao longo da vida, os contornos daquela história foram controversos. Explica-se:

Em 1987, o então presidente da CBF, Octávio Pinto Guimarães, anunciou que a entidade não tinha mais condições financeiras de organizar o certame. Assim, os 12 grandes times de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul organizaram-se e fundaram o “Clube dos 13”, incluindo o Bahia evitar o rótulo elitista.

Com a competição em mãos, venderam seus direitos a patrocinadores e emissoras de TV, tornando viável a competição, nomeada de Copa União, que contaria com outras sete forças do futebol brasileiro. A CBF, porém, ao ver o sucesso do torneio, tentou tomar as rédeas do certame, criando dois módulos de disputa e abraçando aqueles que foram excluídos da festa, como o Guarani, vice-campeão de 1986.

Foi nesse momento que entrou a figura de Eurico Miranda. O vice-presidente cruz-maltino foi nomeado como interlocutor do Clube dos 13 junto à CBF para resolução do imbróglio. O grupo rechaçava a ideia de um cruzamento entre os Módulos Verde (que abrigava os times “da elite”) e Amarelo (abraçados pela confederação). Porém, após a reunião, ele sinalizou positivamente às pretensões da CBF, abrindo brechas para a competição e polêmicas posteriores.

Eurico sempre foi acusado de traição pelos demais presidentes da cúpula. Em sua defesa, anos depois, em entrevista ao Jornal de Brasília, ele afirmou: “Não tem no meu dicionário a palavra traição. Tem que assumir as coisas. Se eles não são de assumir, problema deles. Íamos disputar uma competição pirata, que a CBF não reconhecia. E a competição sendo pirata, não poderia ser realizada. A Fifa só reconhece sua associação nacional e se ela não reconhece seu torneio nacional, não tem como”, explicou. 

1989 – Criador da Copa do Brasil

A mesma Copa União renderia frutos, desta vez benéficos ao futebol brasileiro - mas sem deixar de lado um viés político por trás. Como boa parte dos clubes “menores” foram alijados da elite nacional, que era enxuta em relação a anos anteriores, quando chegou a ter 94 clubes, a CBF via-se com uma faca de dois gumes na mão: agradar aqueles que sentiam-se prejudicados sem perder a credibilidade que havia reconquistado no Brasileirão.

A solução foi criar uma “Copa” nos moldes dos Europeus. Assim, Eurico Miranda, que acumulava o cargo de vice-presidente do Vasco e de diretor de futebol da CBF, criou a Copa do Brasil, que permitia a participação de clubes de todos os Estados.

Inicialmente, somente os campeões estaduais e alguns vices com maior representatividade eram convidados para o torneio, que era disputado de forma eliminatória. Além de promover o cruzamento entre “pequenos” e “gigantes”, o que renderia bilheteria aos clubes menores, a CBF garantiu a atratividade ao torneio ao dar ao campeão uma vaga na Copa Libertadores da América, antes destinada ao vice do Brasileirão. 

1997 – Polêmico assalto

Em 1997, ainda como vice-presidente do Vasco, apesar de ser o homem forte do clube cruz-maltino, Eurico, à época deputado federal (PPR-RJ) foi investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro após relatar o roubo de R$ 75 mil reais da renda de um duelo contra o Flamengo. 

A corporação investigava se ele teria forjado o assalto, uma vez que, ao lado de cinco seguranças, Eurico relatou que deixou o Maracanã com a renda do duelo debaixo dos braços em direção ao edifício onde morava, em Laranjeiras, zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo o dirigente, quatro ladrões armados com fuzis o teriam assaltado, fugindo com o dinheiro, sem reação dos guardas. 

Ao ser questionado sobre o fato, ele contra-atacou de forma indignada. “Essa linha de investigação é imbecil. Vou interpelar esse delegado. Vou responsabilizá-lo. Para que eu forjaria isso? Para aparecer? Não é. Não posso aparecer mais do que apareço. Para ficar com o dinheiro? É brincadeira!”, indignou-se.

Eurico foi considerado inocente posteriormente.

2000 – Copa João Havelange – Parte I 

Outra atuação questionada de Eurico Miranda veio em 2000, no segundo jogo da decisão da Copa João Havelange, entre Vasco e São Caetano, que estava sendo disputado em São Januário, no Rio de Janeiro, em 30 de dezembro.

A partida estava empatada em 0 a 0, resultado que dava o título ao Vasco, após empate por 1 a 1 no jogo de ida (critério do gol marcado fora de casa), quando um alambrado desabou na metade do primeiro tempo, dando início a um festival de desorganização, violência e trapalhadas.

Após o jogo ser paralisado pelo árbitro Oscar Roberto de Godoi para atendimento aos feridos, o então governador do Rio, Anthony Garotinho, determinou a não continuidade da partida. Eurico, porém, bateu o pé, afirmando que havia condições para que o jogo fosse reiniciado. A polêmica transcorreu durante 70 minutos, enquanto 117 pessoas feridas eram socorridas. 

Parceiro de Eurico na disputa para manter o jogo, o então presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio, Eduardo Viana, chegou a dar declarações preconceituosas como: “está tudo tranquilo, não tinha nenhum paulista na torcida” e “as resoluções aqui são minhas. Isso aqui não é terreiro de nenhum suburbano de São Paulo”. 

Contrariado pela decisão de Garotinho, a quem chamou de “frouxo” e “incompetente”, Eurico determinou que os jogadores do Vasco fossem a campo com a taça de campeão para darem a volta olímpica.

Porém, a “birra” não surtiu efeito, e o jogo foi remarcado para o Maracanã, já no ano seguinte.

2000 – Copa João Havelange – Parte II

O duelo entre Vasco e São Caetano só viria a ser disputado em 18 de janeiro de 2001. Porém, nesse ínterim, não faltaram polêmicas envolvendo Eurico. Durante o hiato, a TV Globo mostrou imagens do dirigente pedindo a retirada dos torcedores do gramado, além das críticas ao governador fluminense. 

Incomodado com a matéria, Eurico preparou sua “vingança”. Como não teria mais o patrocínio da marca de sabão em pó “Ace”, uma vez que o vínculo havia se encerrado em 31 de dezembro de 2000, Eurico aproveitou este fato e estampou gratuitamente o logo do SBT, tudo para atingir a “Vênus platinada”.

“Tendo sido caluniado, quis o Vasco homenagear quem não o caluniou. Tendo sido vítima de uma odiosa campanha de perseguição, a partir da desinformação e até mesmo da edição de imagens, quis o Vasco homenagear quem dá à opinião pública a verdade dos fatos para que ela os julgue” escreveu Eurico à época para a emissora de Silvio Santos, que agradeceu.

A torcida, obviamente, comprou sua ideia. Ao longo do jogo e com o caneco assegurado com a vitória por 3 a 1, o que se ouvia no Maracanã eram gritos ofensivos à Globo e músicas de Sílvio Santos.

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