O que antes era a maior casa dos esportes especializados da capital mineira, hoje é como um gigante esquecido. No ano em que quatro times mineiros chegaram à final do principal campeonato de vôlei do país - e um dos mais respeitados do mundo - o Estádio Jornalista Felipe Drummond, conhecido como Mineirinho, não receberá nenhum dos, possivelmente, seis jogos decisivos.

Segundo regulamento da Superliga, o ginásio para a final deve ter a capacidade de, no mínimo, 5 mil torcedores. A Arena Minas, na tradicional Rua da Bahia, não entra no requisito, já que atualmente pode acomodar cerca de 3600 pessoas. O Praia até poderia mandar o jogo no Sabiazinho, em Uberlândia, porém, não teve escolha, já que a CBV é dona do mando de quadra das finais da Superliga feminina e decidiu realizar os jogos em Brasília.

A decisão foi tomada antes do início da temporada, por meio de votação. Minas e Praia, os dois finalistas, votaram contra, porém, foram vencidos no resultado final.

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Com capacidade para 19 mil torcedores, o Mineirinho seria o palco ideal para receber, mais uma vez, o maior espetáculo do voleibol nacional. Porém, sem uma empresa para o administrar, o ginásio não apresenta condições mínimas para receber um evento desse porte.

Sem ter como manter em condições de uso o que já foi conhecido como o Palácio dos Esportes de Belo Horizonte, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra), do governo de Minas Gerais, abriu, em abril de 2021, processo de concessão do Mineirinho, em busca de empresas na iniciativa privada para gerir o ginásio pelos próximos 35 anos. O processo, porém, viu seu prazo se encerrar sem nenhum interessado. 

Relembre o processo de licitação do Mineirinho

Há um ano, o Governo de Minas ofereceu o Mineirinho para a iniciativa privada, com lance mínimo de R$13 milhões para que a empresa interessada administrasse a arena por 35 anos. Pelo edital, a empresa vencedora deveria investir um total de R$ 97 milhões com reformas e outros gastos com o imóvel.

Esse investimento se faz necessário uma vez que o Mineirinho, cotado para passar pelas reformas que antecederam a Copa do Mundo de 2014 juntamente ao Mineirão, ficou fora dos planos devido a cortes de gastos. Na época, não foi modernizado.

O prazo para que os empresários manifestassem interesse no projeto terminou no dia 24 de janeiro de 2022, sem nenhuma proposta.

Na ocasião, o Governo do Estado garantiu que já cogitava a possibilidade de não ter interessados no projeto, sobretudo devido a pandemia da Covid-19, que afetou fortemente o setor esportivo e o setor de eventos. Como plano futuro, a Secretaria responsável iria reavaliar as possibilidades para o ginásio, mas, conforme apurou a reportagem, o ginásio segue fechado.

Procurada, a assessoria da Seinfra afirmou que "o Mineirinho encontra-se atualmente fechado devido à obra de reforma na subestação de energia, que impede a ligação dos sistemas elétricos e de segurança do imóvel. Sendo assim, todos os eventos em ambiente interno estão impossibilitados de ocorrerem, o que é informado a todos os promotores de evento que procuram o Estado. O Estado permanece realizando a manutenção básica da estrutura e a limpeza constante do imóvel, assim como sempre o fez".

A entidade também informou que, no último dia 13 de abril, foi aberto novo edital para a concessão do uso do Mineirinho, em nova tentativa de investimento por parte da iniciativa privada. O valor total é semelhante ao do último processo, estado estimado em cerca de R$ 85 milhões, R$ 10 milhões a menos que o valor total da primeira tentativa.

Definições

Na Superliga masculina, o primeiro jogo, pelo menos, já tem local definido. O Sada Cruzeiro irá mandar a partida no Ginásio Divino Braga, em Betim, palco da conquista mais recente do Mundial de Clubes, em dezembro de 2021. A primeira partida da série melhor de três começa já neste sábado (23), às 21h30. Ainda em processo de confirmação, o Minas corre contra o tempo para tentar definir onde irá mandar o segundo e, se necessário, o terceiro jogo da série.