A pesquisadora e escritora Luciana Amormino, lança, nesta quarta-feira (4/12), às 19h, no MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, seu novo livro “A memória coletiva em perspectiva: ensaios sobre a memória como gesto a partir de narrativas de uma cidade-trapeira” (Editora Appris). A obra, resultado de sua pesquisa de doutorado em comunicação social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), reflete sobre a memória como gesto a partir de iniciativas de memória sobre Belo Horizonte, cidade que a autora denomina "cidade-trapeira".

Esse não é o primeiro livro de Luciana Amormino com u  olhar sobre a capital mineira. A autora também já lançou "A memória como gesto: um ato ético, estético e político" (Selo PPGCOM UFMG) e é co-autora de “BH 125 anos: um olhar sobre a cidade, seu comércio e sua história” (Escritório de Histórias), “Tecendo memórias: a história da Estamparia"”(Escritório de Histórias), “Ilda e Flávio: a arte de conduzir” (Escritório de Histórias)) e “A estrada e o sonho” (Escritório de Histórias), entre outros. 

Com uma abordagem sensível e analítica, a autora explora como as narrativas de memória sobre a cidade constroem e sustentam a memória de caráter coletivo, revelando os gestos de rememoração que conectam passado e presente em uma cidade que se transforma continuamente. Partindo de cinco iniciativas de memória sobre Belo Horizonte, consideradas memórias menores de caráter coletivo, o livro desenvolve uma perspectiva analítica que permite compreender a memória como gesto, buscando o entendimento de memória coletiva proposto por Maurice Halbwachs (1990), a partir da experiência da capital mineira com suas memórias.

“Cidade-trapeira”

Para definir BH, Luciana Amormino cunhou o termo “cidade-trapeira”: “É uma imagem que atribuí a Belo Horizonte, pelo modo com que lida com suas memórias, como vestígios, trapos, pequenas narrativas que vão sendo amarradas”. Ela se inspirou em um personagem do conto de Walter Benjamin, um típico herói da cidade grande, muito comum nas obras do autor, e que representa as misérias humanas. Na obra “A Viagem Crepuscular”, do; filosófo, o trapeiro é quem recolhe os fragmentos descartados das esperanças e decepções humanas.

É por meio dessa referência que Luciana toma os fios e os retalhos de uma trama com as quais a “cidade-trapeira” lida, imagem atribuída à cidade que caracteriza também a abordagem metodológica da autora, a qual se relaciona com um modo de lidar com as memórias a partir de seus fragmentos e vestígios. Essas iniciativas parecem pretender dar conta de um comum, mas incorporam e dão a ver a multiplicidade temporal que as constitui, haja vista que emergem de um cotidiano heterogêneo, que se vincula a tempos e espaços conflitantes e coexistentes.

Trata-se, segundo a autora, de memórias abigarradas, nos termos da socióloga boliviana de origem aymara, Silvia Rivera Cusicanqui, nas quais temporalidades e espacialidades são rearranjadas em um contínuo movimento que mostra as instabilidades e disputas sobre a memória e a própria cidade. Assim, olhando as narrativas, a autora propõe o entendimento da memória como gesto, um ato ético, estético e político vinculado a um esforço produtivo sobre a cidade, que incorpora liberdade. Para Luciana, ampliar o entendimento sobre a memória coletiva, levando em conta a memória como gesto, pressupõe considerar que o passado não está pronto de antemão, mas implica movimento, tensionamentos e disputas historicamente constituídos.

Público-alvo

O lançamento do novo livro da autora ocorre no mês em que Belo Horizonte celebra seu aniversário, reforçando a conexão entre a obra e o território que a inspira. O evento é gratuito e acontece em um dos principais pontos culturais da capital, na praça da Liberdade. O público-alvo são os leitores interessados em comunicação, história e patrimônio. A obra pode ser adquirida no dia do lançamento e em livrarias físicas e online de todo país ao preço de R$ 80.

Luciana Amormino é doutora em Comunicação Social pela UFMG, tendo realizado período de estágio doutoral junto ao The Memory Group da Universidade de Warwick (UK), especialista em História da Cultura e da Arte pela UFMG e graduada em Jornalismo pela PUC Minas. Desenvolve pesquisas na área de comunicação, memória, cultura e marrativas e, atualmente, é pesquisadora de pós-doutorado junto ao grupo de pesquisa Tramas Comunicacionais: Narrativa e Experiência, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFMG e leciona na pós-graduação em Culturas Urbanas, Mídia e Memória da PUC Minas).

Serviço
O que: lançamento do livro “A memória coletiva em perspectiva: ensaios sobre a memória como gesto a partir de narrativas de uma cidade-trapeira”
Data: dia 4, às 19h
Onde: MM Gerdau - Museu das Minas e do Metal (Praça da Liberdade)