O free walking tour pegou em várias cidades do mundo. Hoje, é possível fazer uma imersão no destino em uma simples caminhada. A prática surgiu como negócio em Berlim, na Alemanha, em 2004, e foi adotada em várias cidades europeias. Em 2011, os passeios a pé guiados foram inaugurados no Brasil. Hoje, são oferecidos em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Curitiba e Porto Alegre.
Em Recife, o free walking tour é um programa oferecido pela prefeitura. O
Olha! Recife oferece seis opções de roteiros regulares semanalmente pela capital pernambucana... a pé, de bike ou de ônibus. Os roteiros de cada final de semana são divulgados no
site todas quintas-feiras, e as inscrições, gratuitas, devem ser feitas a partir de sexta. Antes de sua viagem, no entanto, recomenda-se fazer o cadastro no site.
O projeto Olha! Recife não é um roteiro fixo, mas dinâmico. Cada programa atende a um tema específico – em outubro, por exemplo, os participantes “passearam” pelo circuito de artesanato, pela cultura sertaneja e pelos cinemas da cidade. Em novembro, informam os gestores, o tema será a Proclamação da República. O free walking tour foi pensado para quem quer conhecer cada canto da cidade, vivenciando-a mais de perto..
“São mais de 300 roteiros, ricos em informações a respeito de uma cidade secular, os quais são conduzidos por guias turísticos altamente qualificados, contratados pela prefeitura. O Olha! Recife é um sucesso, que ajuda as pessoas descobrir e redescobrir cada espaço público da cidade, a partir de diversos prismas”, afirma a secretária de Turismo e Lazer de Recife, Pâmela Alves.
O roteiro Circuito do Artesanato visita a Feira da Rua do Bom Jesus, o Centro de Artesanato de Pernambuco, o Mercado de São José e a Casa da Cultura. O Recife Sertanejo aproxima o litoral do sertão e leva os participantes para conhecer o Museu Cais do Sertão e a estátua de Luiz Gonzaga, para ouvir as poesias de Ascenso Ferreira e se encantar com a vegetação típica do sertão que ornamenta a praça Euclides da Cunha.
Nesta quarta-feira (19/10), a caminhada Museus do Pátio guia os visitantes pelo Pátio de São Pedro, pelos museus Casa do Carnaval, Memorial Luiz Gonzaga e de Arte Popular. Na sexta-feira (21/10), Recife Walking Tour revisita duas regiões mais importantes na história da cidade: Recife Antigo e bairro de São José. O roteiro se inicia na praça do Arsenal e passa pelas ruas do Bom Jesus, da Moeda, Nova e Aurora, pela praça do Diário e pela ponte Maurício de Nassau.
O roteiro dura cerca de uma hora e é guiado. A dinâmica é uma só: o interessado se inscreve no passeio, recebe a confirmação por e-mail e se desloca até o ponto de encontro. O free walking tour é recomendado para aqueles turistas que têm pouco tempo no destino escolhido, mas se interessam muito em conhecer sua cultura, história e curiosidades.
Roteiro
Nesta matéria, elaboramos um roteiro gastronômico para você experimentar não só a história, mas a gastronomia da cidade. Arrumadinho, carne de bode, baião de dois... a culinária do sertão também encontra eco em Recife. Ninguém sai da capital pernambucana sem degustar suas sobremesas (bolos de rolo e Souza Leão e a cartola).
No século passado, o sociólogo Gilberto Freyre já traçava em seu livro “Açúcar: Algumas Receitas de Doces e Bolos dos Engenhos do Nordeste” (1939) o perfil do povo do Nordeste brasileiro por meio dos pratos típicos que integravam sua culinária e se tornaram símbolo da cultura local. E descobriu um vasto e saboroso cardápio que abastecia a mesa.
Cá-Já
Se você pedir uma dica de comida regional a um recifense descolado, inteirado das novidades da capital pernambucana, um sai fácil da boca: Cá-Já Restaurante. Completando cinco anos em novembro, o Cá-Já, no bairro dos Aflitos, aposta nos três “C”: cominho, coloral e coentro, os temperos que norteiam a culinária do chef Yuri Machado.
Os sócios Alan, Yuri e Vítor, proprietários também do Liamba Pub & Bar e do Espetada Cá-Já, oferecem a cozinha regional com proposta moderna. Yuri se inspirou na canção de Caetano Veloso, não na fruta, para criar algo autenticamente brasileiro. O casarão dos anos 1950, por si só é um convite, com quintal abraçado por jardim colorido e acolhedor.
Comece por caldo de caruruzinho (camarão, quiabo, dendê, amendoim e castanha) para abrir o apetite, emende com a favada (favas, charque, carne de sol e cebola na manteiga de garrafa em uma caçarola, acompanhado de vinagrete e farofa) e finalize com a banoffee, a preferida de dona Bernadete, a mãe de Yuri, segundo ele,“doceira de mão cheia”.
Yuri reproduz a receita da mãe nos mínimos detalhes: massa sablê, doce de leite feito na casa, banana, açúcar com canela e chantilly de chocolate branco. Um detalhe: nada contém glúten nem lactose. O cardápio com 12 pratos muda a cada estação: a novidade do verão será o pappardelle com ragu de cabrito. É uma comida, fresca, saborosa e bem-temperada.
Deck Pina
Se a proposta de sua viagem é “mergulhar” na atmosfera da cidade, o Deck Pina Bar, em Brasília Teimosa, é o lugar. O projeto de Migas Lima e Guilherme Menezes, neto do fundador do Galo da Madrugada, foi inaugurado na pandemia: quatro eventos bem-sucedidos deram à dupla a convicção de que o deck sobre o rio Capibaribe estava no rumo certo.
O destaque ali não é só a vista ou o pôr do sol que tinge as águas do principal curso d’água da cidade, mas a culinária diferenciada e os drinks. Se der sorte de visitar o bar em dia de show de samba, a experiência só melhora, por causa do alto-astral. A gerente Carolina Barbosa, estudante de turismo, faz as honras da casa de peixes e frutos do mar.
Ela explica que a casa foi se moldando nos últimos anos: 90% do cardápio são peixes ou frutos do mar, como o vermelho, pargo, pioba, guaiuba, comprados diretamente da colônia de pescadores que fica ao lado. “O peixe é fresco, feito na hora e levado à mesa”, destaca. Outros dependem da sazonalidade, como o siri-mole, escasso no verão.
Comece pelo drink, o Umbucajá, uma caipirosca de uma frutinha amarela, um híbrido do cumbu com cajá, adoçicado e refrescante. O caldão de cação com camarão de entrada serve para provocar o paladar. É o queridinho dos clientes da casa. Experimente ainda o croquete de camarão de caranquejo, com a massa feita de macaxeira.
De acordo com o gosto de cada um, pode-se degustar o camarão fantástico, o arrumadinho, a paella de frutos do mar ou o polvo com vinagrete. Há, ainda, opções “fitness”. “A galera vem pelo pôr do sol e pelos drinks e acaba se encantando com os petiscos”, reconhece Carolina. O preferido é o Maracatu, de polpa de caju com gim, gelo e xarope de gengibre.
Ponte Nova
O Ponte Nova é um bistrô francês até no nome. Ele foi cunhado de Pont Neuf, a mais antiga ponte que cruza o rio Sena, em Paris, quando o chef e proprietário Joca Pontes morou na cidade. Ele é proprietário ainda de outro estabelecimento na capital pernambucana, o Vila Bistrô. A proposta é cozinha contemporânea autoral, sem, é claro, esquecer as raízes nordestinas.
“Diferentemente do Vila Bistrô, que é cozinha franco-italiana, o Ponte Nova é mais pretensioso, voltado para a alta gastronomia”, define. A entrada, o Pastel de Festa, é uma receita tradicional dos finais de ano em Pernambuco, recheado com carne de porco moída e polvilhado de açúcar. É uma mistura muito estranha, mas os sabores explodem na boca.
Outros pratos que Pontes indica são Baião Très Chic (arroz vermelho com acelga chinesa, urva verde do São Francisco, queijo coalho, minas padrão e manteiga, coroado com camarões grelhados e farofa crocante de ervas) e o Pulpo & Camarón (camarões crocantes, anéis de polvo, acelga, farofa crocante de ervas e calda de frutas com pimenta e gengibre). Ambos ainda levam arroz vermelho ao leite de castanhas com azeitonas pretas.
“São lembranças de comidas afetivas e de viagens”, confessa. Um dos pratos preferidos dos clientes é o Porquinho do Oriente, um filé de porco marinado no missô, grelhado, bacon, purê de batatas, agrião e molho laquê. O Ovo Molê também ganhou sua releitura: sobre o pirão de queijo ao açafrão-da-terra, bacon e farofa crocante de ervas.
Tio Pepe
Tio Pepe é para Recife o que o Xapuri é para Belo Horizonte. O chef Flávio Trombino já cozinhou por lá. O tradicional restaurante de cozinha regional já tem 58 anos: nasceu na praça da Boa Viagem, quando a praia era uma área de veraneio das famílias mais abastadas. Hoje funciona ma rua Almirante Tamandaré e virou referência para moradores e turistas.
Tio Pepe, ou Joseph Garrido Cid, é um espanhol que veio apostar a vida no Brasil, se apaixonou pela pernambucana Mirtes e abriu um restaurante de frutos do mar. Com o tempo, o gosto mediterrâneo deu lugar à cozinha regional, que foi ampliada. Hoje, Tio Pepe é conhecido como a “melhor carne de sol de Recife”. O cardápio é muito variado e extenso,
O restaurante é dividido em vários ambientes: uma área externa decorada com elementos nodestinos, árvores e mesinhas ao ar livre e uma interna com xilogravuras do artista J. Borges. O restaurante faz parte da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança e destaca todos os anos com um prato – o de 2022 é O Pescador, do artista Roberto Monteiro.
Prepare-se para ir com muita fome! O cardápio já avisa: um prato serve bem três pessoas de apetite normal, duas pessoas mais ou menos normais e uma pessoa após sete dias de spa brabo. A dica é a casquinha de caranguejo, petisco mais pedido da casa, filé trifásico como prato principal e Pernambucaníssima, bolo de rolo sorvete e calda de goiabada como sobremesa.
Faaca
Dois Brunos se juntaram – Carazoni e Suassuna Neto – e criaram o Faaca há cinco anos. A primeira casa foi aberta no bairro Parnamirim, na zona norte. A proposta era inovar e trazer um mix de parrilla e hamburgueria. A ideia deu tão certo que originou outras unidades (quatro em Recife, nos shoppings Plaza, Recife e Aldeia) e se expandiu para outras cidades.
As casas em shoppings são dedicadas aos hambúgueres artesanais; as de rua têm o clima de boteco. O cliente vai à expositora, escolhe a carne, já pesada e precificada, e leva à parrilheira. O gerente Ítalo Guedes explica que a parilla não era explorada em Recife. A Faaca popularizou o corte nobre, o angus, conhecido por ser um dos mais saborosos.
No dia de minha visita, a casa estava cheia no happy hour. O que atrai não são apenas os hambúrgueres, mas os petiscos – pastel de costela, croquete, vaca atolada, feijão-preto e camarão. O sanduíche com carne ancho, acompanhado de baião de dois, batata crouton e farofa de banana, é a sugestão, assim como o Duo Faaca, pudim com doce de leite.
Tapa de Cuadril
O restaurante Tapa de Cuadril fica em shoppings, no Tacaruna e no Recife Mar. Eles ainda têm um barbecue shop, especializado em carnes nobres, condimentos, temperos, utensílios e produtos para o preparo do churrasco. Pode-se comprar as carnes e levar para casa. O Tapa é um lugar absolutamente necessário em Recife para quem quer usufruir de tudo em um único lugar: oferece carnes, peixes e frangos, além de drinks com nomes argentinos, como Buenos Aires, Bariloche, Mendoza, Punta del Este, Vale Nevado, Rosário e Córdova.
Você pode começar com um pão de alho e uma chipa uruguaia, uma versão latina do nosso pão de queijo, servido com queijo cheddar e crispy de bacon. Entre as carnes, recomenda-se o bife de tiras, o bife de chorizo e o T-bone steak, exatamente nessa ordem. Os pedidos incluem uma dupla de guarnições, entre as melhores o arroz biro-biro e os legumes grelhados. Para quatro pessoas, a dica são as pranchas da terra e os parillados, uma tábua com steak, assado de tira, pernil de frango, linguiça toscana e picanha recheada.
Eu degustei um filé sertanejo, que vem com 500 g de carne argentina grelhada com queijo coalho e manteiga de garrafa, acompanhado de feijão tropeiro e farofa-de-banana da terra. Segundo o gerente de salão, João Silveira, tem pratos para servir de uma a quatro pessoas. No happy hour, o cliente paga 50% no preço dos drinks, a partir de R$ 11. Os mais pedidos são o Bariloche e o Vinã del Mar. A carta de vinhos oferece rótulos a partir de R$ 49. O restaurante tem estilo moderninho, contemporâneo. Não assuste se estiver lotado.
Serviço
Passeios
Walking tour Recife: Acesse
Olha! Recife.e faça o cadastro. Para o passeio, é necessário se inscrever a partir de sexta-feira.
Onde se hospedar
Marante Executive: avenida Engenheiro Domingos Ferreira, 668, Boa Viagem. Diárias a partir de R$ 260 o casal (+ 5% de taxa de serviço) em apartamento standard.
Onde comer
Cá-Já: rua Carneiro Vilela, 648, bairro Aflitos. Funciona de terça a quinta, das 12h às 15h30; e às sextas, sábados e domingos, das 12h às 15h30. De terça a sábado, das 19h às 23h. Experimente o caruruzinho a R$ 16, a favada a R$ 115 para compartilhar (ou R$ 75 individual) e a sobremesa banoffee a R$ 26. Instagram: @vempracaja
Deck Pina: rua Delfim, 246, Brasília Teimosa. Só fecha segunda-feira. De domingo a quinta-feira, das 12h às 19h; sexta e sábado, das 12h às 21h. Petiscos entre R$ 39 e R$ 54; porções individuais entre R$ 54 e R$ 72; e comidas para compartilhar entre R$ 100 e R$ 130. Paella de frutos do mar a R$ 125. Preço médio dos drinks: R$ 28. Instagram: @deckpinbar
Faaca: rua Vicência, 105, bairro Pina. Preço médio de R$ 95 por pessoa; hambúgures artesanais a partir de R$ 24; almoço volante às sextas, sábados e domingos a partir de R$ 29,90 por pessoa. Fecha às segundas-feiras. Funciona de terça-feira a domingo, das 11h às 22h.
Ponte Nova: rua do Cupim, 172, Graças. Abre de terça, das 12h às 14h30, e sábado e domingo, das 12h às 15h, e de terça a sábado, das 18h30 às 23h30. A dica é o Pastel de Festa a R$ 38 para abrir o apetite, o Ovo Molê a R$ 29 como entrada, o Porquinho do Oriente a R$ 55 como prato principal e a Goiabada Chique a R$ 27.
Tapa de Cuadril: Shopping Recife Mar, em Pina. Experimente a chipa uruguaia (R$ 35) e o pão de alho (R$ 25). Preço médio de R$ 110 a R$ 120 por pessoa; drinks a partir de R$ 28 e a partir de R$ 11 (happy hour). Facebook: Tapa de Cuadril e Instagram: @tapadecruadril.
Tio Pepe: rua Almirante Tamandaré, 170, Boa Viagem. Abre de terça-feira a sexta-feira, das 11h30 às 16h20; sábado e domingo, das 11h30 e 17h. O prato da boa lembrança, Pescado, custa R$ 140 por pessoa,com a louça. Experimente a casquinha de caranguejo (R$ 9,20), o filé trifásico (R$ 200) como entrada principal e a Pernambucaníssima (R$ 27,80) como sobremesa. Acesse o
menu digital.