O procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou nesta terça-feira (23) a deputada federal Carla Zambeli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a inserção de dados falsos.
A invasão aconteceu em novembro de 2022. Em 4 de janeiro de 2023, Delgatti inseriu documentos falsos no sistema do órgão, como um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), assinado pelo próprio magistrado.
Preso no início de agosto – em operação que também teve Zambelli como alvo de buscas –, Delgatti confessou a invasão, a inserção do mandado de prisão falso e uma falsa quebra de sigilo das contas bancárias do ministro. Disse que fez tudo a pedido de Zambelli, recebendo R$ 40 mil pelos serviços. Afirmou ainda que Zambelli redigiu o falso mandado.
Na conclusão do inquérito, em fevereiro, a Polícia Federal indiciou Zambelli e Delgatti pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. A PGR acatou e apresentou a denúncia ao STF. A parlamentar foi denunciada à Justiça como mandante do crime.
A decisão sobre o eventual recebimento da denúncia caberá ao Plenário do STF. Não há data definida para a análise. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, ainda deverá liberar os autos para que o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, marque o julgamento.
A defesa de Zambelli diz que vai demonstrar que a deputada não praticou as infrações penais pelas quais foi acusada.
"Inexiste qualquer prova efetiva que ela tivesse de alguma forma colaborado, instigado e ou incentivado o mitômano Walter Delgati a praticar as ações que praticou", escreveram e nota os advogados Daniel Bialski, Bruno Borragine, Daniela Woisky e André Bialski.
Zambelli é ré no STF por perseguição armada
Carla Zambelli responde a outras ações criminais no STF. Em novembro, a Corte decidiu mantê-la no banco dos réus e ser julgada pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
Zambelli foi denunciada pela PGR por sacar uma arma de fogo e perseguir o jornalista Luan Araújo pelas ruas dos Jardins, bairro de elite da capital paulista. A perseguição começou após os dois trocarem provocações durante um ato político às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
A defesa da deputada tentava tirar o processo do STF, alegando que o caso não tem relação com o exercício do mandato e deveria ser analisado na primeira instância.