Um estudo recente divulgado pelo Instituto de Seguros para Segurança Rodoviária (IIHS) e do Centro Volpe do Departamento de Transportes dos EUA revela que os pontos cegos de seis SUVs populares aumentaram substancialmente entre 1997 e 2023.
Paralelamente, as mortes de pedestres cresceram 37% e as de ciclistas 42% no período. Foi a primeira aplicação da nova técnica do IIHS para mensurar a visão direta ao redor do veículo, usando câmera portátil e software de mapeamento 360º. O método dispensa grades físicas, é repetível e permite comparações em larga escala.
Uma técnica alternativa usando lasers até se mostrou eficiente, mas não captura os pontos cegos criados pelos retrovisores externos e pela base alargada da coluna A dos SUVs.

Resultados por modelo
No Honda CR-V, a visibilidade frontal a 10 m caiu de 68% (1997) para 28% (2022). O Chevrolet Suburban passou de 56% (2000) para 28% (2023). Na picape Ford F-150, a visibilidade já baixa de 43% (1997) caiu para 36% (2015).
Menores reduções foram registradas no Honda Accord (65% em 2003 para 60% em 2023) e no Toyota Camry (61% em 2007 para 57% em 2023), na margem de erro.
De todos os modelos alvos da primeira fase do estudo do IIHS, apenas dois são vendidos no Brasil atualmente, o Honda CR-V e a Ford F-150. O Camry, da Toyota, era comercializado no país até 2024.
Impactos e próximos passos
Becky Mueller (IIHS) alerta que a combinação de veículos mais altos e com capôs maiores pode ter agravado o risco de acidentes com pedestres e ciclistas pelo mundo.
O IIHS planeja avaliar outros 150 modelos nos EUA para confirmar se a tendência é generalizada e qual a relação com sinistros e custos de seguro.
Segundo David Harkey, presidente do IIHS, é urgente investigar se esses pontos cegos contribuíram para o aumento de mortes de pedestres e ciclistas e orientar projetos futuros de design veicular.