Opinião

BBB: Ressentimento adoece e ainda te deixa chato

Ressentimento não faz bem e não preciso apresentar dados científicos (basta ver o BBB).


Publicado em 15 de janeiro de 2024 | 13:58
 
 
 
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Eu não vejo BBB. Nada contra, não sou da patrulha intelectual muito menos fiscalizadora dos gostos alheios, eu só não sou fã do formato reality show, raríssimas vezes sou fisgada por algum. Acho chato e visualmente poluído; assim como nos shoppings, minha vista fica exausta, talvez seja meu astigmatismo.

É fato que o programa é muito popular e movimenta discussão acaloradas sobre os participantes que costumam representar bem as nossas facetas.

Não assisto, mas, claro, sei o que as pessoas e os portais de notícia comentam, mesmo um pouco contrariada.

A bola da vez é o cantor de pagode que fez sucesso e agora tentar retomar a carreira. Ele e seus amigos — homens — chegaram a criticar a bela Yasmin Brunet, partindo de suas convicções que o corpo da mulher é um objeto à disposição do olhar masculino e que esse corpo deve atender aos desejos deles.

Nas redes sociais, a mãe da cantora Ludmilla defendeu a filha dos comentários maldosos que o tal cantor, que já foi famoso, fez depois da apresentação da cantora. Uma das falas me chamou a atenção, algo sobre “ela tem dinheiro, por isso está bonita.”

Achamos o ponto: ressentimento, mágoa que se guarda de uma ofensa ou de um mal que recebeu. Ressentir, como o prefixo “re” mostra, é ficar sentindo infinitas vezes a mesma coisa. É como se a mente ficasse parada onde doeu, onde foi traumatizada, e não parássemos de sentir aquilo. Aí, tudo passa a ser uma pedra no sapato: o sucesso da colega, a beleza da moça que não se pode ter, a juventude dos demais...

Ressentimento não faz bem e não preciso apresentar dados científicos (basta ver o BBB). A gente fica chato, ranzinza e se torna observador cruel de tudo sobre os outros para evitar pensar na nossa própria dor.

A opinião pública deve eliminar os participantes ressentidos. Pode ser que o cantor conte com uma trajetória de redenção fora da casa, apoiado por uma boa gestão de imagem; pode ser que faça sucesso e ganhe bastante dinheiro, não sei se como a Lud, ou que se cuide e fique belo, não sei se como a Yasmin. Sorria que eu estou te filmando poderá o nome do programa na GloboPlay que resgatará sua carreira, tudo pode mudar.

Mas o cantor ainda continuará ressentido.

Não é o que ganhamos, não é o que conquistamos, não é o que acham de nós que nos faz ressentir. No âmbito das emoções, cura e fere o que sentimos a nosso respeito, num lugar que ninguém controla e ninguém mais acessa. Se não fosse assim, bastaria estar no horário nobre da TV Globo para deixar de ser ressentido.

Venha pra terapia aqui fora, cantor. Vai valer muito a pena.

Alienação

Sobre os críticos intelectualistas, todo mundo precisa alienar um pouco para viver. Seja BBB, futebol, fofocas, religião ou entrando em brigas que não são nossas.

Estamos o tempo todo consumindo algo para não pensar em nada.

Aliena mais trabalhar muito e receber pouco, ser explorado, não ter grana para lazer e transporte público. Não curto BBB, mas quando preciso desanuviar a mente, assisto às maravilhosas bobagens stand up e saio renovada. Cada um com seu jeitinho.

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