O Atlético vai anunciar, nas próximas horas, a venda do atacante Alisson ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. Os valores são mantidos em sigilo, mas o Galo, detentor de 80% dos direitos econômicos do jogador, vai embolsar aproximadamente 12 milhões de euros (mais de R$ 70 milhões). Acho uma ótima venda? Não. Mas também não é péssima.

Primeiro, os contras: Alisson tem 19 anos, está em franca evolução, tem muita personalidade e poderia, sim, jogar mais nos próximos meses, ser valorizado e sair por 20 ou 25 milhões de euros numa janela futura. Era uma possibilidade, sem dúvida. Quando você vende um jogador que ainda está em crescimento, esse risco sempre existe, e o Galo assumiu.

Outro ponto negativo: o Atlético, depois de um bom recado ao mercado na recusa ao Leicester (último interessado em Alisson), volta a vender um ativo, jovem e valorizado, por um valor que não passa tanto respeito ao mercado. É uma boa grana, mas nada espetacular. A impressão segue sendo a de que os clubes não precisam de tanto assim pra tirar jogadores daqui.

Por fim, claro, a perda técnica. Gosto muito do Alisson e acho que ele seria muito útil ao longo da temporada. Cuca perde uma ótima opção para a ponta direita.

Dito isso, vamos aos argumentos que fazem a venda ser, ao meu ver, aceitável. O primeiro ponto: gosto muito do Alisson, mas, até aqui, não vejo um jogador pra primeira prateleira de Europa. Pode me surpreender e chegar lá, mas acho o Sávio, por exemplo, muito mais jogador (o que torna ainda mais absurda a venda ridícula dele por parte do Galo).

Segundo ponto: a concorrência pra ele, no Galo, era muito grande. Não estou dizendo que ele não jogaria, mas não consigo imaginar o Cuca fazendo Alisson “furar a fila” e passar na frente de jogadores como Cuello, Júnior Santos e Rony. É claro que Alisson teria seus minutos e evoluiria com o tempo, mas, se tratando de transação internacional, tempo é dinheiro. Um jogador de 19 anos tem um valor, enquanto outro de 21 tem outro, bem menor. Não sei se Alisson valorizaria tanto assim em seis meses, por exemplo.

Como eu disse na abertura: não é uma venda ridícula, inaceitável e pífia como foi a do Sávio ao grupo City. Também não é uma venda espetacular. Eu, nessas condições, não venderia, mas a corneta, ao meu ver, tem que ser moderada neste caso. Espero que usem (e bem) a grana para reforçar o time. O elenco é bom, mas pra brigar por títulos ainda falta.

Saudações.