Com direito a festa de torcedores organizados em Confins, o meia Reinier chegou na madrugada de quarta-feira a Belo Horizonte e, nas próximas horas, será oficializado como reforço do Atlético. Essa é, pra mim, uma contratação “incornetável”.

Jovem, talentoso, revelado por um clube com uma base muito forte, bem fisicamente e, acima de tudo, muito disposto a reencontrar seu melhor futebol. Já seriam características pra animar o atleticano, mas o modelo da negociação faz com que a gente elogie ainda mais a contratação.

Reinier vem “sem custos” pro Atlético. Entre aspas porque, claro, podem existir luvas, mas não houve valor desembolsado pra compra de direitos econômicos. O jogador antecipou o fim do vínculo com o Real Madrid, que “segurou” uma fatia do atleta, pensando em negociações futuras. Bom pra todo mundo. Principalmente pra ele, que estava em busca de uma nova casa após viver temporadas instáveis, acumulando empréstimos e sem se firmar em lugar nenhum.

“Mas ele não jogou nada na Europa”, dirão os mais ressabiados. De fato, foi uma passagem apagada. Nenhum jogo pelo time principal do Real, quatro empréstimos e números tímidos. Acontece que, caso ele volte de uma passagem ruim na Europa e comece a jogar muito no Brasil, será mais um dos vários jogadores que cumpriram exatamente esse roteiro: bom começo em um clube grande, transferência ainda com pouquíssima idade, frustração no Velho Continente e auge após a repatriação.

Paulinho, Gerson, Pedro, Gabriel Barbosa, Kaio Jorge… Sem pensar muito, conseguimos listar muitos atletas que tiveram trajetórias parecidas. Além da diferença de exigência entre nossos clubes e os gigantes europeus, existe a questão da adaptação, que nem sempre é tirada de letra por um jogador de 18, 19, 20 anos. A passagem apagada por lá não pode condenar um atleta ao selo de “deu errado”, muito menos um jovem de 23 anos, como é o caso de Reinier.

Ninguém joga 15 partidas no Flamengo de 2019 (e participa de oito gols) sendo ruim de bola. Ninguém é contratado pelo Real Madrid sendo perna de pau. É o que escrevi no título: pode dar certo ou errado. Absolutamente toda contratação tem seus riscos. Mas essa, cá entre nós, não dá pra criticar. Tem toda a cara de um excelente negócio. Tomara que se confirme.

Boa sorte, Reinier!

Saudações.