Assim como nós, mulheres, os homens também carregam muitas inseguranças em relação à sexualidade. Desde pequenos ouviram frases como: “Você precisa ser forte”, “homem que é homem não chora”. E, junto disso, cresceram sob a sombra da pornografia, que ditou padrões irreais de corpo, de performance e até de desejo.

Uma vez, conversando com meu marido, ele me contou que foi a um sexyshop quando era adolescente, apenas por curiosidade, para comprar aquelas bolinhas que estouravam — vocês se lembram? Na ocasião, deram para ele uma régua para medir o órgão genital em casa, e nela dizia que a média brasileira era de 18 cm. Imagine: um garoto em plena puberdade, acreditando que precisava “atingir” esse tamanho para ser considerado viril. Hoje ele tem 36 anos e, como ele, muitos homens carregaram esse fantasma em silêncio.

A verdade é que a média real no Brasil gira entre 12 e 14 cm - e eu posso afirmar, com a experiência de quem já viu de muitas formas e formatos, que isso é totalmente suficiente para dar prazer.

Mas o tamanho não é a única sombra. Existe também a pressão pela performance. A pornografia ensinou que o prazer só existe se o homem tiver força, pressão, ereção duradoura e uma mulher submissa em posições de impacto. Porém, a vida real é bem diferente: o “soca fofo” pode até ter seu lugar em alguns momentos, mas o que verdadeiramente desperta o tesão em uma mulher vai muito além disso — envolve presença, afeto, troca, ritmo, entrega e conexão emocional.

Essa insegurança masculina é tão real que, só em 2024, o consumo e as vendas de Tadalafila (medicação para disfunção erétil) cresceram mais de 200%. Um número alarmante, que revela o quanto os homens estão cada vez mais pressionados e adoecidos pela ansiedade de corresponder a expectativas irreais. O mais dolorido é que, muitas vezes, eles não têm com quem conversar. Não abrem seus medos por vergonha de parecerem frágeis, não compartilham suas dores para não perderem o rótulo de “machos fortes”. Assim, engolem a angústia em silêncio.

O resultado? Couraças emocionais, traumas ocultos, bloqueios que não deixam a energia sexual circular livremente pelo corpo. E por trás de cada disfunção, existe quase sempre uma história: medo de não dar prazer, experiências de humilhação, comparações com outros homens, exigências de performance que matam a espontaneidade.

É hora de falarmos sobre isso com mais amor. Porque o homem também precisa de acolhimento, de um espaço seguro para chorar, desabafar, se mostrar vulnerável. A energia sexual masculina, quando liberta das couraças e inseguranças, é imensamente criativa, vital e amorosa.

E eu te pergunto: que homens nós estamos ajudando a formar? Homens aprisionados em padrões de performance, ou homens livres para sentir, amar e viver o prazer em toda sua inteireza?