Uma das familiares que consumiu o bolo envenenado que matou três pessoas da mesma família em Torres, no Rio Grande do Sul, Zeli dos Anjos, de 61 anos, recebeu alta nesta sexta-feira (10), segundo informações da Polícia Civil. Ela estava internada desde o dia 23 de dezembro, quando consumiu o bolo durante uma confraternização familiar.

Procurado com pedido de confirmação sobre a liberação de Zeli, o hospital Nossa Senhora dos Navegantes, onde a paciente estava internada, ainda não retornou à reportagem. 

A sobrevivente é sogra de Deise Moura dos Anjos, presa como suspeita de ter envenenado o bolo, preparado por Zeli. A sobremesa, segundo relatado por amigos da família à imprensa, era um prato tradicional preparado por Zeli em confraternizações familiares.

Segundo as investigações, a farinha usada na preparação do doce foi envenenada com arsênio por Deise, que tinha "divergências" com a família. A suspeita está presa temporariamente em virtude de "provas robustas". 

"A investigada foi presa em virtude de provas que encontramos e já foram juntadas às investigações. São provas robustas e serão usadas no final inquérito para o indiciamento", afirmou o delegado do caso, Marcos Veloso, durante coletiva de imprensa no início da semana.

"Homicídios em série"

Além das três familiares mortas em dezembro, Deise teria envenenado, também com arsênio, o sogro, Paulo dos Anjos, 68, morto em setembro de 2024. Na época, ele foi internado após comer bananas e leite em pó levados à casa dele pela nora Deise. A morte dele foi registrada como complicações de uma infecção intestinal.

"Há fortes indícios que ela tenha provocado outros envenenamentos de pessoas próximas à família (...) Portanto, se trataria de uma pessoa que praticava homicídios e tentativas de homicídios em série, disse a delegada regional Sabrina Deffent, em coletiva de imprensa nesta sexta.

"Impossível este caso se tratar de intoxicação alimentar, contaminação natural ou degradação de qualquer substância". Segundo a diretora do Instituto-Geral de Perícias, Marguet Mittmann, as investigações já concluíram que a causa da morte de Paulo e das outras familiares foi envenenamento.

"Nós temos provas robustas que ela matou quatro pessoas, por hora. Essa mulher não só matou quatro pessoas e tentou matar outras três, como também há indícios de que ela tenha tentado matar outras pessoas", disse.

Motivação do crime é "motivo fútil", seguem investigadores. "Ainda que seja por interesse patrimonial, o preço de quatro vidas não pode pagar o que ela queria", completou o delegado do caso, Marcos Veloso.

(Manuela Rached Pereira e Mariana Durães/Folhapress)