A Unidade de Polícia do Norte, na Holanda, emitiu nota, nesta quarta-feira (8), informando que a morte de Taiany Caroline Martins Matos, de 32 anos, não é “um caso criminal”. A mulher morreu ao cair de um prédio, em Breda, no dia 3 de janeiro. Ela estava no apartamento em que morava com o ex-namorado. O posicionamento ocorreu após questionamentos da família sobre uma possível culpa do homem no óbito da brasileira.
Nesta terça, à reportagem de O TEMPO, o irmão de Taiany, Ryan Martins, contestou a atuação da polícia holandesa que, segundo ele, encerrou o inquérito de investigação em menos de 24 horas após o ocorrido. Em resposta, o órgão policial da Holanda afirmou que vê com preocupação a morte de Taiany e defendeu o trabalho investigatório.
“Após a morte, conduzimos uma investigação minuciosa em conjunto com o Ministério Público. Isto foi realizado, entre outras coisas, por especialistas da Investigação Forense.
A investigação mostrou que este não é um caso criminal. Informamos a família sobre isso. Desejamos muita força aos familiares. Pedimos às pessoas que não compartilhem nomes nas redes sociais, pois isso viola a privacidade”, diz o texto compartilhado no perfil da Unidade de Polícia no Instagram.
Nos comentários da publicação, Cauã Martins, um dos irmãos de Taiany, retrucou a versão apresentada pelo órgão. "Não houve crime? Como é que uma investigação foi concluída em menos de 24 horas? Porque é que eles não notificaram a minha família até depois de 24 horas? Queremos uma explicação!", escreveu. Há outros relatos apontando possível violência psicológica por parte do ex-namorado da brasileira e pedindo a reabertura do inquérito.
O caso
Natural de Brasília, a brasileira, formada em pedagogia, estava na Europa há mais de seis anos. Ela havia se mudado há seis meses da Bélgica para a Holanda e trabalhava como atendente. À reportagem de O TEMPO, o irmão de Taiany, Ryan Martins, revelou que a família só teve conhecimento da morte cerca de 24 horas após o ocorrido, no dia 4.
A notícia foi compartilhada pelo ex-namorado da brasileira em ligação aos familiares. O contato da polícia holandesa, entretanto, só ocorreu cerca de 36 horas após a morte. Segundo Ryan, a família desconfiou do homem após ele dar duas versões diferentes das circunstâncias do óbito de Taiany.
No primeiro contato, o ex-companheiro disse aos familiares que a brasileira havia saído com amigas e que ele estaria dormindo quando ela chegou ao apartamento do casal. “Então, ele disse que quando ele acordou e foi conversar, ela já estava morta em cima da cama”, detalhou. Contudo, conforme Ryan, em um telefonema posterior, o ex-namorado contou uma versão diferente, de que Taiany teria saído para beber com as amigas.
O irmão ainda disse que o homem teria pedido, posteriormente, para ver o celular de Taiany e ela não teria deixado. “Ele disse que os dois trocaram ofensas e que ele teria pegado o celular dela à força”, disse. Após a discussão, o ex-namorado disse ao irmão que a brasileira gritou socorro pela janela e que ela teria feito uma menção de que iria pular. “E nisso ela teria escorregador”, contou o irmão.
Ainda conforme o irmão, o homem teria dito à família que arcaria com todos os custos para o traslado do corpo ao Brasil, mas enviou 30% do valor e não teve mais contatos com os familiares. “E na ligação ele ainda me disse que a polícia da Holanda teria pedido para ele não informar nada sobre a morte dela à família nas próximas 24 horas”, complementou Ryan que está à frente da vaquinha para arrecadação de fundos.
Justiça
Os familiares contrataram um advogado e vão pedir, na Justiça, a reabertura do inquérito e a possível investigação do envolvimento do ex-companheiro na morte de Taiany. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha o caso por meio do Consulado-Geral do Brasil em Amsterdã. O Itamaraty afirmou que está à disposição da família de Taiany para prestar assistência consular aos familiares.
Passado conturbado
A relação de Taiany com o ex-namorado era conturbada, contou o irmão da brasileira. Eles namoravam há três anos, mas só começaram a morar juntos quando ela se mudou para a Holanda. “Ela sempre falava pra gente, para as amigas que ele era muito ciumento, abusivo, controlador. Quando ela vinha sozinha para o Brasil, ele ficava ligando para o meu celular e para minha mãe para saber o que ela estava fazendo”, detalhou.