Após período de observação na penitenciária de Tremembé, no interior paulista, o ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, foi transferido para uma cela com outros cinco presos e recebeu sua primeira visita no fim de semana.

Conforme a reportagem apurou, Abdelmassih recebeu a visita da mulher, a ex-procuradora da República Larissa Sacco, 37. Até a semana passada, o ex-médico estava em regime de observação -para presos que chegam ao presídio- numa cela separada. Nas primeiras noites em Tremembé, dividiu essa cela com seis policiais civis acusados de cometer crimes.

Segundo a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), Abdelmassih agora divide uma cela no pavilhão habitacional com outros cinco presos -que não tiveram nomes ou perfis informados- e já tem "convívio normal com a população carcerária".

Condenado em primeira instância a 278 anos de prisão pelo estupro de 37 mulheres, Abdelmassih passou três anos e sete meses foragido e foi capturado no último dia 19, em Assunção, Paraguai.

O caso

O ex-médico foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico, e revelado pela Folha de S.Paulo em janeiro de 2009. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos, bem-sucedidas profissionalmente, disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica de Abdelmassih.

As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do especialista quando estavam sozinhas -sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.

Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que foi atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos".

Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol.