Depois de quase dois meses de celebrações sem fieis devido ao novo coronavírus, a Igreja Católica do Brasil começa a retomar as missas com presença de pessoas. Um comunicado do arcebispo de Goiânia (GO), d. Washington Cruz, divulgado nesta segunda-feira, 11, permitiu que as missas sejam celebradas com lotação parcial das igrejas, condicionadas a medidas para reduzir o risco à população e aos padres. As novas regras levam em conta decreto do governo de Goiás liberando o funcionamento de igrejas e templos.
Desde o início da pandemia, mesmo com as atividades presenciais suspensas, um bispo, cinco sacerdotes e duas freiras que atuavam em paróquias de todo o país morreram com a covid-19. Houve ainda, vários casos de hospitalização devido ao vírus. Por recomendação da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), as missas e celebrações presenciais foram suspensas. Para proteção dos bispos idosos, a assembleia nacional da CNBB marcada para abril foi adiada para agosto.
O arcebispo emérito da Paraíba, d. Aldo Pagotto, é o único óbito confirmado pela covid-19 no episcopado brasileiro. O religioso travava luta contra o câncer desde 2017 e faleceu no dia 14 de abril, aos 70 anos, em um hospital particular de Fortaleza (CE). O corpo foi sepultado no mausoléu do Santuário de São Benedito, na capital cearense, seguindo as restrições sanitárias. Conforme a CNBB, outro bispo contraiu o vírus, mas se recuperou. Ele não teve o nome divulgado.
O padre Roberto Carlos Vieira Nunes, do Rio Grande do Norte, faleceu no dia 4 de abril, em Recife (PE), dois dias após completar 54 anos. Ele exercia o sacerdócio em paróquias da Diocese de Olinda e Recife. No dia 4 de maio, a arquidiocese de Manaus comunicou o falecimento do padre diocesano Cairo Gama, de 41 anos. Ele estava internado desde o dia 22 de abril em hospital particular, em tratamento pela infecção do novo coronavírus.
No interior de São Paulo, a diocese de São José do Rio Preto divulgou nota informando o falecimento do Frei Bruno, nome religioso do noviço Paulo Fernando de Campos Meneses, de 36 anos, que morreu no último dia 9, em Jaci, interior de São Paulo. Ele estava internado desde o dia 23 de abril, após contrair o vírus. O óbito foi confirmado pelo Hospital de Base de Rio Preto. O frade atuava em casas de acolhimento aos moradores de rua.
No dia 27 de março, a arquidiocese de Goiânia comunicou o falecimento do padre Francesco Nisoli, de 71 anos, em Cremona, na Itália, após contrair o coronavírus. Ele havia retornado para a cidade do norte italiano após servir durante 30 anos a Igreja brasileira, atuando principalmente em paróquias de Goiás. O padre José Bosmans, que atuava na diocese de Palmas-Francisco Beltrão, no Paraná, morreu da covid-19, no dia 17 de abril, na Bélgica, seu país de origem.
A freira católica Jandira Rosa Chagas, de 78 anos, morreu em Paraisópolis (MG), onde atuava à frente da Casa da Criança. O óbito aconteceu no fim de março, mas o exame confirmando a infecção pelo coronavírus só saiu no dia 10 de abril. A freira Edite Terezinha Bortolini, de Garibaldi, na Serra Gaúcha, morreu aos 81 anos na província de Vicenza, na Itália. Ela integrava a congregação Passionistas de São Paulo da Cruz e foi diagnosticada com o vírus.
Recuperação. No dia 30 de abril, a arquidiocese de Maceió divulgou nota comunicando a recuperação do monsenhor Rubião Lins Peixoto, de 84 anos, após 25 dias de internação devido ao coronavírus. Um vídeo divulgado no site oficial mostrou a saída do monsenhor do hospital, saudado pela equipe médica e funcionários.
Oito frades do Convento e Santuário São Francisco, no centro de São Paulo, contraíram o vírus em abril. Dois deles precisaram de internação, mas estão recuperados, segundo nota da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Somente um franciscano ainda está em quarentena. Conforme a nota, os frades voltaram às atividades religiosas internas, inclusive a celebração de missas não presenciais, transmitidas pelas redes sociais.
Agenda. A CNBB informou que os bispos e padres são orientados a adotar as medidas necessárias para preservar a própria integridade, sem abrir mão do papel de protagonismo que a Igreja deve ter diante da pandemia, sobretudo no atendimento aos mais vulneráveis. Nesta terça-feira, 12, foi organizada uma agenda com os bispos do Brasil para discutir as especificidades do avanço do coronavírus em cada estado e as ações da Igreja “em realidades distantes, com estados com maior quantidade de casos, avanço sobre pobres e periferias”. De acordo com o secretário-geral e bispo do Rio de Janeiro, d. Joel Portella Amado, o objetivo da iniciativa é conhecer o que está sendo feito pela Igreja e reforçar as ações em cada localidade.
Em Goiás, paróquias vinculadas à arquidiocese de Goiânia já celebram missas com público desde o início deste mês. Para evitar aglomeração, os fiéis devem se manter a dois metros de distância entre si e apenas 30% da capacidade da igreja está sendo ocupada. A temperatura corporal de quem chega é medida na entrada e não é admitido o ingresso de pessoas com mais de 60 anos ou menores de 12 anos. As celebrações continuam sendo transmitidas pelas redes sociais.
Com a liberação de cultos e missas pelo governo de Santa Catarina, a arquidiocese de Florianópolis liberou a presença de público, experimentalmente, na capital catarinense. Nas dioceses de Joinville, Caçador e Joaçaba, as missas continuam sem fiéis. No interior de São Paulo, o padre Ivanaldo Mendonça, de uma paróquia de Olímpia, inaugurou o sistema "drive-in" para a missa do Dia das Mães, no último dia 10. Os fiéis participaram da celebração campal, em uma capela rural, usando máscaras e sem sair dos carros.