Uma estudante de 17 anos e outro de 16 morreram em um ataque a tiros no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, norte do Paraná. Eles foram identificados como Karoline Verri Alves e Luan Augusto e eram namorados, segundo parentes e professores.
Atingido na cabeça, o menino de 16 anos foi socorrido em estado grave e levado para o Hospital Universitário de Londrina, a 14km de Cambé. Ele morreu na madrugada de terça-feira (20/06) e seus órgãos foram doados pela família.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o caos em frente à escola após o ataque:
Uma estudante morreu e outro aluno ficou ferido em um ataque a tiros no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, norte do Paraná. A informação é do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Imagens, divulgadas nas redes sociais por Guilherme Spanguemberg,… pic.twitter.com/C0Z37iicee
— O Tempo (@otempo) June 19, 2023
A Polícia Militar do Paraná informou que um ex-aluno, de 21 anos, foi até a direção do colégio alegando que precisava de cópias de documentos. Depois disso, ele teria ido ao banheiro e, na saída, começou a atirar.
O rapaz só não continuou a atirar porque foi imobilizado pelo funcionário de uma clínica vizinha à escola. Acionados por funcionários da instituição, policiais militares prenderam o jovem e o levaram para uma delegacia.
"O que eu vi foi um desespero muito grande, alunos saindo pelos arredores da escola desesperados"
Em entrevista à rádio CBN, a professora Nara Cordeiro relatou a correria para sair da escola. "Estávamos começando a segunda aula, fazendo chamada, quando ouvimos o barulho dos disparos achando que era bombinha, brincadeira de criança. Os alunos ficaram sem saber o que estava acontecendo, mas, pela movimentação, começaram a correr, porque parece que tava vindo alguém atirando", contou.
Segundo a professora, rapidamente as ruas da escola foram tomadas pelos estudantes que deixaram a unidade às pressas. "O que eu vi foi um desespero muito grande, alunos saindo pelos arredores da escola desesperados. E eu não sabia o que fazer, se eu voltava para ajudar os alunos que estavam lá [dentro da escola] ou se eu ajudava os meus alunos que estavam aqui."
Autoridades lamentam caso; Flávio Dino culpa redes sociais
O governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) decretou luto de três dias no Estado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou as redes sociais para se manifestar sobre a morte da estudante e o ferimento do namorado dela.
“Recebo com muita tristeza e indignação a notícia do ataque no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no Paraná. Mais uma jovem vida tirada pelo ódio e a violência que não podemos mais tolerar dentro das nossas escolas e na sociedade. É urgente construirmos juntos um caminho para a paz nas escolas. Meus sentimentos e preces para a família e comunidade escolar”, escreveu Lula.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, também comentou a invasão e a morte, mas deu a declaração durante um evento público.
“Tive uma notícia que impacta todas as famílias brasileiras. Infelizmente vimos a violência se manifestar onde é o lugar mais sagrado para as famílias. Houve um novo ataque de violência no Paraná. Infelizmente uma jovem perdeu a vida, e outro foi baleado”, disse o ministro.
“Hoje vemos no Brasil a apologia à violência na palma das mãos dos jovens”, completou o ministro, se referindo aos smartphones e às redes sociais.
O governo federal tem se esforçado para regulamentar as plataformas digitais, com a mudança de políticas, com o argumento de conter a rede de ódio espalhada por meio de redes sociais. Para Flávio Dini, essa questão é a "mais fundamental" do país atualmente.
"E há quem não queira ver, sempre procurando individualizar um problema que é sistêmico, que é social, quando se implanta o vale tudo, a lei do mais forte, e se abole os laços interpessoais de sociedade, de respeito, de amor, de fraternidade, que fundam uma sociedade saudável", frisou.
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