NOVA YORK, EUA. Três estratégias agressivas de tratamento que os médicos esperavam que prevenisse ataques cardíacos entre pessoas com diabetes tipo 2 se provaram ineficazes ou até mesmo prejudiciais, mostram novos estudos.

Os resultados são surpreendentes e desapontadores, dizem especialistas em coração e diabetes. Estima-se que 21 milhões de norte-americanos e 11 milhões de brasileiros tenham diabetes tipo 2, e eles estão em alto risco de doença cardíaca. As únicas ações que comprovadamente reduzem as chances de doença cardíaca - evitar cigarros e tomar medicamentos para baixar o colesterol ruim e a pressão arterial - ainda deixam os diabéticos com um risco de ataque cardíaco equivalente ao de um não-diabético que já teve ataque cardíaco.

Por isso os médicos começaram a tentar outras estratégias que eles esperaram que ajudasse: abaixar a pressão arterial para um nível normal, elevar os níveis do colesterol bom e abaixar os níveis de triglicérides perigosos; ou regular os aumentos bruscos no açúcar do sangue após uma refeição.

Não se sabe quantos médicos encorajaram pacientes a agirem dessa forma, mas especialistas médicos dizem que essas medidas pareciam razoáveis e tentadoras. "Os médicos sempre querem melhorar as vidas dos seus pacientes, e isso geralmente gera pressão para tratá-los cada vez mais", disse Henry N. Ginsberg, diretor do Instituto Irving para a Pesquisa Clínica na Universidade Columbia. "Os novos estudos podem evitar que muitos pacientes tomem remédios que não as ajudarão", afirma.

Ação. No diabetes tipo 2, o corpo fica resistente ao hormônio insulina, levando a níveis anormalmente altos de açúcar no sangue que podem provocar doenças oculares, renais ou nervosas. Mas a doença cardíaca é o que mata a maioria dos pacientes. De 25% a 33% dos pacientes de ataque cardíaco têm diabetes, embora os diabéticos correspondam a apenas 9% da população. E 25% dos pacientes de ataque cardíaco estão na iminência de se tornarem diabéticos, com níveis anormalmente altos de açúcar no sangue.

Os níveis altos de açúcar no sangue em si só já aumentam o risco de doença cardíaca, mas os pesquisadores descobriram dois anos atrás que controlar o açúcar rigorosamente não prevenia doença cardíaca ou mortes em pessoas com diabetes tipo 2.

Pesquisadores disseram que o fracasso acontecia provavelmente porque a maioria desses pacientes também tinha outros problemas que aumentavam suas chances de ataque cardíaco, como níveis altos de colesterol ruim (LDL), níveis baixos de colesterol bom (HDL), níveis altos de triglicérides e pressão arterial alta. E a maioria era mais velha e acima do peso. O diabetes tipo 2 "captura todos esses fatores de risco em um paciente", disse David Nathan, diretor do centro de diabetes do Hospital Geral de Massachusetts.

Traduzido por André Luiz Araújo