Independentemente de quem vai ocupar os cargos de governador de Minas e presidente do Brasil em 2019, os empresários mineiros querem que as reformas saiam do papel e que o poder público passe a ter melhor controle dos gastos a partir do próximo ano. “É preciso ter cuidado com os custos e gastar bem”, aconselha o sócio da Casa do Vinho André Martini.
No mercado desde 1947, a empresa sobreviveu a diversos planos econômicos. “Somos uma empresa enxuta e com os pés no chão”, comenta. Martini espera que as promessas feitas pelos candidatos que vão ocupar os principais cargos do Executivo sejam, de fato, cumpridas.
Depois de um ano avaliado como difícil pelo presidente da Forno de Minas, Hélder Mendonça, sua expectativa é que 2019 seja melhor, com a implantação das reformas e com mais segurança para que o setor produtivo volte a investir.
Quando falam em reformas, os “homens do dinheiro” não se referem só à tributária ou à da Previdência. O diretor comercial e de marketing do Decisão Atacarejo, Leonardo Vilaça, também ressalta a necessidade de dar continuidade à reforma trabalhista, que já está em vigor há praticamente um ano. Ele espera ainda que os juros se mantenham baixos para incentivar os investimentos do setor produtivo. Mas Vilaça observa que mudanças não vão acontecer rapidamente. “Acredito que 2019 vai ser melhor, mas será em 2020 que os resultados devem ser mais expressivos”, avalia.
Conivência
O presidente da MCA Gribel – Negócios Imobiliários, Alexandre Gribel, acredita que 2019 ainda será difícil, mas melhor que este ano. “Pior que 2018 não tem jeito”, diz. Ele faz uma reflexão que abrange todos os setores, ao afirmar que as irregularidades descobertas em operações contra a corrupção não se restringem a políticos. “Os empresários colaboraram com a corrupção, com a justificativa de que não havia outro jeito. E, apesar dos vários casos noticiados, eles ainda continuam acontecendo. Parecem não perceber que o país está mudando, com políticos e grandes empresários sendo presos”, analisa.
Para Gribel, os brasileiros, sejam políticos, empresários ou de qualquer profissão, devem passar por uma mudança de valores. “A cultura do ‘eu’ deve ser trocada pela do ‘nós’. É preciso parar de pensar apenas no individual e pensar no coletivo”, defende.
Gribel acredita que, se os desvios de recursos pararem, o país poderá fazer os investimentos necessários para voltar a crescer, em especial na infraestrutura. “É uma área que gera muitos empregos”, diz o empresário, que também defende a educação como área fundamental para o desenvolvimento do Brasil.
Diretora de riscos e controles do banco Semear, Alexandra Oliveira prevê cenário positivo já em 2019. “Percebemos um aumento de demanda do varejo, nossa principal vertical de negócios. Há aumento das demandas de crédito e de produtos para oferecer aos clientes. Essa expectativa se confirma com o Boletim Focus, que já prevê aumento do PIB para 2019”, analisa. Ela disse acreditar em uma volatilidade menor do mercado, com uma expectativa positiva da retomada do consumo.
Resultado melhor é esperado
Com perspectiva de fechar 2018 com alta de 15% no faturamento, o presidente da holding Encontre Sua Franquia, Henrique Mol, espera resultados ainda melhores em 2019. “Não posso reclamar de 2018”, diz. Para ele, o cenário para o próximo ano deve ficar mais claro após as eleições.
Mol diz que é preciso recuperar a confiança da população e defende que a política de redução da taxa básica da economia (Selic) seja mantida no próximo governo. “Juros mais baixos ajudam a fomentar mais investimentos”, ressalta.
A empresa engloba seis franquias – Encontre Sua Viagem, Bidon Corretora de Seguros, Fórmula Pizzaria, Suav (segmento de beleza), Gemotion (franquia de realidade virtual) e Acquazero (lavagem ecológica). A perspectiva de negócios da holding para 2019 é boa, na avaliação do empresário. A projeção é de crescimento de 20% no faturamento.
A presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI), Cassia Ximenes, aposta num desempenho melhor da economia em 2019. “Espero mais estabilidade econômica e mais empregabilidade, o que traz mais confiança e melhores perspectivas para a compra e venda de imóveis”, analisa.
“Governo tem que parar de atrapalhar”, afirma Araujo
Para os investimentos voltarem a acontecer no país, o presidente da centenária Drogaria Araujo, Modesto Araujo, defende a redução da burocracia. “É uma luta abrir uma loja”, reclama. Para ele, o governo tem que “parar de atrapalhar o trabalho do setor produtivo”. “O empresário não deve ser encarado como o inimigo. Ele não só cria postos de trabalho, como também paga impostos”, ressalta.
Modesto Araujo aposta em resultados melhores na economia em 2019, mas com crescimento mais expressivo mesmo a partir de 2020. Para isso, ele defende que o governo faça a reforma tributária. “Há muitos impostos. Deveria ter uma unificação, uma simplificação”, afirma. Ele alerta que o resultado das urnas no primeiro turno mostrou que o brasileiro está cansado da velha política.
Em Minas
Cautela. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) teve alta de 1,3 ponto, saindo de 49,6 em setembro para 50,9 em outubro. Ele está 4,2 pontos abaixo daquele de outubro de 2017.