Se agora o momento é de buscar uma vaga no mercado de trabalho, o setor de atacado e varejo é uma boa porta de entrada. Segundo a pesquisa IPC Maps, especializada em potencial de consumo dos brasileiros há 30 anos, do ano passado para cá pelo menos 21.555 comércios varejistas e atacadistas foram abertos em Minas Gerais, passando de 563.121 em 2023 para 584.676 em 2024, um crescimento de 3,83%.
Em Belo Horizonte, também houve crescimento de 2023 para 2024 – porém, mais tímido, de apenas 0,87%, passando de 76.668 para 77.336. Os números, na avaliação de especialistas, mostram que o setor está de portas abertas para quem quer trabalhar.
Para Marcos Pazzini, diretor do IPC Maps e responsável pela pesquisa, isso pode ser explicado pelo contexto econômico do país. “A taxa de desemprego caiu (de 6,9% para 6,4%) entre os dois últimos trimestres; com isso, o rendimento familiar melhorou e o poder de compra aumentou. Isso acaba movimentando mais a economia. Quando a população tem dinheiro, ela consome mais. A empresa vai produzir mais e vai gerar mais emprego”, explica.
Diretor da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), Glaucus Botinha explica que, apesar de o comércio ter perdido força no número de contratações ao longo do ano devido às lojas online, neste período do ano ele volta a ser forte na oferta de oportunidades.
O administrador Leonardo Nascimento, de 40 anos, confirma o bom momento dos setor. À frente de uma rede de supermercados em Belo Horizonte, negócio de família, ele conta que, no mês passado, abriu a quarta loja da marca no bairro Floresta, na região Leste da capital, e que a previsão é abrir a quinta unidade ainda em dezembro, totalizando 60 novas vagas.
“Estamos nessa área há anos e vimos uma oportunidade de expansão. Vivemos um momento positivo na economia e no comércio. A gente acredita muito nesse negócio de bairro, de vizinhança, com um atendimento personalizado”, afirma.
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Para quem está pensando em abrir um negócio voltado ao comércio, Marcos Pazzini dá dicas do que é importante antes de se aventurar no empreendimento.
“Vale, sim, o risco de abrir um estabelecimento, mas é muito importante saber bem o perfil do que a loja vai oferecer, estudar bem a região e entender o público-alvo. Tudo isso será importante para saber como atrair o consumidor. Demanda existe, o importante é saber como se diferenciar dos demais e conseguir se destacar em meio à concorrência”, afirma Marcos Pazzini, diretor do IPC Maps.
Setor tem grande impacto no PIB de BH
Com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 105,8 bilhões, divulgado no último Censo do IBGE, de 2022, Belo Horizonte é a quarta cidade mais rica do Brasil. Esse valor representa 1,2% do PIB do país (R$ 8,3 trilhões), ficando atrás apenas de São Paulo (9,2%), Rio de Janeiro (4%) e Brasília (3,2%).
E a maior fatia desse bolo é de responsabilidade do setor de comércio, bens e serviços, como aponta Fernando Cardoso, vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).
“O setor de comércio, bens e serviços é responsável por 70% (R$ 5,81 bilhões) do PIB de BH. Ou seja, a venda no varejo é um grande fomentador da economia da capital mineira. E isso cresce ainda mais no segundo semestre do ano, com o Dia das Crianças, o Natal e a Black Friday, que cada vez mais vem se consolidando no Brasil”, comenta.
Em 2023, pela terceira vez consecutiva, o comércio varejista da capital mineira fechou o ano com crescimento. De acordo com o Termômetro de Vendas elaborado pela CDL-BH, na análise do acumulado do ano de 2023, as vendas do comércio de Belo Horizonte registraram aumento de 1,36%. Em 2022, o setor fechou com crescimento de 1,32%, e, em 2021, o aumento foi de 1,34%.
Comércio se recupera aos poucos após a pandemia
O comércio físico foi impactado diretamente pela pandemia de Covid-19, com o fechamento de lojas e substituição pelo online, mas aos poucos vai se recuperando. Em Minas Gerais, segundo o IPC Maps, em 2023 eram 563.121 estabelecimentos comerciais. Já em 2024, o número subiu para 584.676, representando um aumento de 3,8%.
“No geral, esse aumento tem sido grande no Estado. De um ano para o outro, houve crescimento de 3,8% no número de empresas. Mas o comércio ainda está a passos um pouco mais lentos. Na pandemia muitas lojas fecharam, principalmente aquelas menores de bairro, e boa parte da população passou a fazer compras online. Mas ainda há pessoas, principalmente com mais idade e de baixa renda, que ainda têm o costume de sair de casa e ir a uma lojinha no bairro”, afirma Marcos Pazzini, diretor do IPC Maps.
Famílias com mais dinheiro
Segundo a pesquisa IPC Maps, as despesas das famílias brasileiras no setor de varejo devem chegar a R$ 478,1 bilhões até o final de 2024. Isso representa um acréscimo de 9,2% em relação ao ano passado, quando respondeu por R$ 437,8 bilhões.