Um anúncio de vaga de emprego em uma loja localizada na rua Curitiba, no centro de Belo Horizonte, era tudo que Wesley Henrique precisava para dar uma aliviada nas contas de casa. O jovem de 22 anos, morador do bairro Lindeia, na região do Barreiro, estava desempregado havia dois meses, quando viu a placa na porta da Loja de Brinquedos e decidiu entregar seu currículo.
“Eu já tinha experiência na área e vi a oportunidade na minha frente. Entreguei o currículo e alguns dias depois fui contratado. Fiquei muito feliz, até porque a vida está difícil, e as dívidas não esperam para chegar”, conta o estoquista, que está no período de experiência, antes de ser efetivado.
Manuela Hostalácio, proprietária da Loja de Brinquedos, explica que é comum realizar contratações nessa reta final do ano. "Abrimos vagas para dar suporte a equipe durante para o Dia das Crianças, Natal e volta às aulas, que são os nossos picos de vendas. Caso o movimento seja muito alto, abrimos vagas temporárias na segunda quinzena de dezembro", conta.
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A história de Wesley pode ser a mesma de muitos brasileiros neste último mês de 2024. Segundo a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), a expectativa é que 180 mil das 450 mil vagas de emprego temporário previstas para serem abertas no país entre outubro e dezembro sejam ofertadas agora, às vésperas do Natal.
“Haverá muitas oportunidades, principalmente no comércio. São as chamadas ‘vagas de última hora’. Termina a Black Friday, e as empresas fazem um balanço e começam a programar as vendas de Natal. Então, pedimos que as pessoas interessadas fiquem atentas aos sites de emprego temporário”, orienta o diretor da Asserttem, Glaucus Botinha.
A boa notícia para quem busca se colocar no mercado de trabalho em Belo Horizonte e região é que uma pesquisa da Fecomércio MG apontou que 70,9% dos comerciantes da capital pretendem aumentar o quadro de funcionários no último trimestre do ano.
Economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins explica que os empresários estão otimistas em relação às vendas, principalmente durante o chamado “supertrimestre”. “Neste período, a gente tem Black Friday e Natal. Tivemos também o Dia das Crianças, em outubro. São datas que historicamente movimentam muito dinheiro, principalmente o Natal. Além disso, as pessoas recebem o 13º salário, aumentando o poder de compra. Então o empresário, que está com um nível de investimento alto, entende que o faturamento será maior nesse período do ano e que precisa aumentar o quadro de funcionários para atender à demanda. É um ótimo momento para quem está querendo um emprego”, afirma.
Paulo Henrique dos Santos, de 39 anos, que é de Lavras, no Sul de Minas, conseguiu aproveitar uma oportunidade. Depois de ter ficado desempregado, há 25 dias, ele decidiu se mudar para Contagem, na região metropolitana de BH, onde o irmão dele vive, e já conseguiu uma vaga temporária de fiscal de comércio. A expectativa agora é ser efetivado. “Estou me esforçando, dando o meu melhor para conseguir a contratação”, contou.
Porta de entrada para o mundo profissional
O Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), último feito pelo órgão, mostra que 10,9 milhões de jovens entre 15 e 29 anos do país não estudavam nem estavam ocupados em 2022, o equivalente a 22,3%, ou um em cada cinco integrantes desse grupo etário.
Para Luana Torres, especialista em carreiras e recolocação profissional, o comércio é uma grande porta de entrada para os jovens no mundo profissional.
“Esse período de fim de ano é um grande momento para conseguir se recolocar no mercado de trabalho ou até mesmo conseguir o primeiro emprego, principalmente para os jovens. Muitas vagas acabam não exigindo experiência. Há também muitas oportunidades temporárias que, quando o profissional realmente veste a camisa (da empresa), acabam se tornando fixas no futuro”, avalia.
Outro dado apresentado no Censo 2022 do IBGE trata dos jovens que não procuravam emprego nem gostariam de trabalhar. De acordo com o órgão, 4,7 milhões de jovens se encaixavam nesse perfil. Mas, para quem está em busca de um trabalho, a especialista aproveita para dar dicas.
“O principal é montar um bom currículo. Essa é a primeira impressão que o empregador terá de você. Estude bem o perfil da empresa e valorize pontos que você pode agregar. Além disso, as pessoas querem profissionais proativos, responsáveis e comprometidos com o trabalho. Se conseguir a vaga, agarre a oportunidade”, diz.
Em alta
Segundo dados divulgados na quarta-feira (27) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, 132.714 postos de trabalho com carteira assinada foram abertos em outubro no Brasil. O indicador mede a diferença entre contratações e demissões. No comércio foram 44.297 a mais. (Com Anderson Rocha)