A criança que tem o desejo de ganhar um presente se lembra logo do Papai Noel. E a melhor forma de se comunicar com o Bom Velhinho, a despeito de redes sociais e internet, segue sendo a boa e velha carta, que já virou uma tradição dos Correios em todo o Brasil. A iniciativa, que completa 35 anos em 2024, já ultrapassou o número de 6,5 milhões de pedidos atendidos.
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O envio de desejos à empresa pública federal é feito por crianças de instituições parceiras, o que inclui escolas, creches, abrigos, orfanatos e núcleos socioeducativos, e também por meninas e meninos da sociedade em geral de todo o país. Já a adoção das cartas é feita em uma unidade dos Correios ou online. Neste ano, o prazo para adoção e envio dos presentes foi 20 de dezembro, em BH, podendo variar em outras cidades. Até 17 de dezembro, a empresa havia recebido 350 mil cartas de todo o Brasil.
A campanha das cartinhas, que é considerada um sucesso, estimulou outras iniciativas país afora. É o caso dos Embaixadores do Bem, do Grupo SADA. O programa de voluntariado, criado há cinco anos, é executado por 252 funcionários das empresas do conglomerado e mobiliza dez ações durante o ano, incluindo campanhas de agasalho, brinquedos, alimentos, além de atividades sustentáveis. Neste Natal, a iniciativa atendeu cerca de 2.000 crianças, de 18 instituições espalhadas pelo país.
“Para muitas crianças, será o único presente que elas receberão no Natal. É contagiante ver o engajamento das pessoas que adotam as cartas. E o brilho nos olhos desses meninos e meninas não tem preço”, comemora Elisa Cunha Dias, gerente de sustentabilidade do Grupo SADA.
Outra ajudante é a estudante Gabrielle Reis, de 25 anos. Ela é uma das voluntárias do projeto Salte, que acompanha, durante todo o ano, famílias da Vila Ventosa, na região Oeste de BH. O grupo iniciou a campanha de cartinhas em 2023. Neste ano, serão 60 crianças atendidas. “Para mim é gratidão. Vemos como somos privilegiados e que podemos usar esse privilégio para ajudar outras pessoas. Fico muito feliz”, conta a voluntária.
"A gente faz as cartinhas com elas, e é um momento muito legal, pois elas escrevem com a expectativa de ganhar o presente, de ter um sonho realizado. Muitas vezes, é algo que pedem aos pais, e eles não têm condição de dar."
Gabrielle Reis
Estudante e madrinha de cartinhas
Ninguém fica sem presente. Em 2023, a campanha de cartinhas de Natal dos Correios evoluiu e decidiu que nenhuma criança que envia uma cartinha fica sem presente. De acordo com a empresa, isso é possível com o apoio de parceiros dos Correios, que abastecem um estoque de presentes.
Até antes de 2023, a criança que não tinha a cartinha adotada recebia um cartão-postal assinado pelo Papai Noel. “Para este ano, a meta é novamente atender 100% dos pedidos”, afirmou a empresa, em nota ao Super.
Pai cria projeto solidário
Não se pode dizer que a alegria e a doçura de Arthur foram embora quando ele partiu, em julho de 2018, em decorrência da Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ), doença caracterizada por uma alergia fatal e repentina. “A gente entendeu que ele veio e ficou só 12 anos porque veio para plantar sementes do bem”, conta o advogado Klauss Moura, de 53 anos, pai de Arthur, e morador do Funcionários, na região Centro-Sul de BH.
Logo após a partida do menino, Klauss e a família criaram o projeto Sementes do Moura, com ações durante todo o ano de apoio a indígenas, idosos, à causa animal, entre outras, em memória a Arthur. Neste Natal, a instituição ofereceu presentes e lanches a 262 crianças e jovens do projeto Cruz de Malta, que funciona na comunidade Morro das Pedras, na região Oeste de BH.
“À medida que as situações vão batendo à porta, a gente, dentro do possível, ajuda. Hoje nós trabalhamos com meu filho. Há uma ausência física dele, mas a crença é que ele está muito presente. Às vezes a gente precisa de algo (para ajudar alguém), e aquilo aparece. A gente entende que, quando as pessoas acreditam na caridade e no amor ao próximo, o universo se mobiliza para ajudar”, afirma Klauss, que ainda fala sobre como a solidariedade contribui para ele lidar com o luto.
“É um conforto. Quando você conhece outras realidades de sofrimento ainda maiores, você vai se tornando mais humano. A caridade humaniza e aproxima as pessoas”, afirma.