Saltou para 134 o número de moradores que precisaram sair às pressas de casa diante do risco de colapso de uma pilha de rejeitos de minério em Conceição do Pará, na região Centro-Oeste de Minas. O total de pessoas atingidas pela evacuação emergencial dobrou desde sábado (7 de dezembro), quando 67 haviam sido removidas da comunidade de Casquilho de Cima após serem surpreendidas pelo desmoronamento de parte da montanha de material sólido. Os dados foram atualizados pela mineradora Jaguar, responsável pelo empreendimento. 

Diante do “risco iminente para a segurança da estrutura, da comunidade e do meio ambiente” anunciado pela Agência Nacional de Mineração (ANM), a Defesa Civil estadual,o Corpo de Bombeiros e demais órgãos que integram o gabinete de crise para acompanhar o caso reiteraram o alerta para que as famílias não tentem retornar para os imóveis.

Ao menos cinco casas e um galpão foram atingidos pelo desmoronamento dos rejeitos, conforme o balanço mais recente das autoridades. Em alguns casos, as estruturas foram soterradas. Apesar de ninguém ter se ferido, moradores de 21 casas precisaram abandonar aquelas residências que se encontravam na chamada “mancha de inundação” – área que seria atingida em uma eventual ruptura da barragem. Os moradores da zona afetada foram encaminhados para hoteis ou casas de familiares e ainda não se sabe por quanto tempo terão de permanecer nessa situação. 

Veja imagens da área atingida pelo deslizamento:

Cerca de 36 horas após a população de Conceição do Pará, na região Centro-Oeste de Minas, ser surpreendida pelo deslizamento de uma pilha de rejeitos de mineração da mina Turmalina, da mineradora Jaguar, saltou para 134 o número de moradores que precisaram sair às pressas de casa… pic.twitter.com/ZTcF68NTUS

— O Tempo (@otempo) December 8, 2024

Segundo nota divulgada pela mineradora Jaguar, pontos de bloqueio são mantidos em todos os acessos à área da mancha. As atividades da mina, por sua vez, estão suspensas e o empreendimento interditado por ordem da Agência Nacional de Mineração. 

O gabinete de crise que acompanha a situação da mina, por sua vez, também divulgou nota na noite deste domingo para informar que as autoridades atuam desde o início do deslizamento em conjunto com a mineradora “desenvolvendo ações de contenção e realizando a avaliação constante dos riscos”.

As autoridades que monitoram a pilha de rejeitos não informaram, até o início da noite deste domingo, qual foi o volume de material que se deslocou da pilha e nem se ocorreram novos deslizamentos desde a primeira ocorrência. No entanto, o videomaker Filipe Lacerda, morador de Conceição do Pará, afirmou, em entrevista a O TEMPO,  suspeitar que o rejeito continua se movimentando. “De ontem (sábado) pra hoje já avançou”, relata, com base em imagens feitas por ele com auxílio de um drone. 

Embora não viva na área afetada pelos efeitos do deslizamento, Filipe está envolvido em ajudar os atingidos e explica que o clima na cidade é de apreensão. “O pessoal de lá está muito assustado, sem acreditar no que aconteceu. Tem pessoas medicadas, porque perderam tudo. As famílias daqui são muito tradicionais, as famílias vivem lado a lado. São terrenos de família que estão perdendo.”, conta o rapaz, que documenta, em imagens, a evolução do desastre. 

Por meio de nota, a Jaguar afirmou que lamenta o ocorrido e informou que "segue prestando assistência à comunidade". Ainda conforme a empresa, "quem tiver dúvidas pode entrar em contato com a Jaguar Mining pelo e-mail casquilho@jaguarmining.com.br".