O acolhimento e o preparo necessários para a chegada de um bebê nem sempre são como os idealizados por uma mãe. A falta de apoio familiar, a ausência do pai da criança e até o vício em drogas e álcool são alguns dos fatores que marcam negativamente a gestação e os primeiros meses de vida da criança.
"Eu estaria na rua e, certamente, perderia a guarda do meu filho", cravou Aparecida Moraes, de 33 anos. Ela é natural do Pará, no norte do país, mas veio para Belo Horizonte depois que "uma tragédia" aconteceu com o marido dela, há cinco meses. Sem entrar em detalhes sobre o ocorrido, ela que está à espera do Levi, foi encaminhada ao Abrigo de Gestantes e Puérperas, da Prefeitura de Belo Horizonte em parceria com Adra (uma Organização da Social Civil), onde aguardar a chegada do filho e de um futuro melhor.
"Fui acolhida aqui e já tenho enxoval, bolsa maternidade e tudo mais para a chegada do meu filho. Espero que, daqui um tempo, eu possa me organizar, ter um trabalho e um futuro para nós", disse.
Ela faz parte das 10 famílias que hoje vivem no espaço localizado no bairro Betânia, na região Oeste de Belo Horizonte, que abriga mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade social.
"São mulheres gestantes, que são acolhidas a partir do sétimo mês de gestação e podem ficar por até 18 meses conosco, recebendo todo tipo de ajuda necessária. Além do acolhimento nesta fase gestacional, de consultas médicas, enxoval e tudo mais, após o nascimento, os cuidados são estendidos aos filhos", detalhou a coordenadora o abrigo Ediane Serpa.
Durante a estadia, as mulheres também podem receber cursos de capacitação profissional, como forma de reinserção social.
"São cursos em que elas recebem um salário como incentivo financeiro para dar um começo na vida delas", completou.
Nova chance
O tempo de permanência na casa é de até 18 meses. Algumas mulheres aproveitam este período para reconstruirem a vida e, no dia em que precisarem deixar o abrigo, já tenham estrutura suficiente para se manterem.
É o caso da Lorraine Martins, de 28 anos. Em breve, ela e o Enzo, de 1 anos e 8 meses, deixarão o abrigo viverão na casa deles.
"Eu fiz o curso, consegui uma casinha para nós e em breve vamos pra lá. Aqui foi fundamental para me restruturar", relatou.
O abrigo já acolheu 57 pessoas, entre mulheres e crianças. Atualmente, dez famílias vivem no lar.