Cinquenta e oito árvores de diferentes espécies foram cortadas em menos de seis meses na rua Antônio Celestino de Oliveira, no bairro Lindéia, na região do Barreiro. As árvores, segundo os moradores, estavam saudáveis, e eles afirmam que elas foram suprimidas sem necessidade. A Prefeitura de Belo Horizonte informou, por meio de nota que se trata de área de jurisdição federal. Portanto, questões envolvendo alterações na área e licenciamento ambiental devem ser verificadas com o Ibama.

"A primeira árvore foi cortada há seis meses pela Prefeitura de Belo Horizonte, para a construção de uma passarela que está sendo feita aqui na rua. As outras, estão sendo devastadas para a construção de um muro que vai isolar a linha do trem. Não tinha necessidade, é uma covardia absurda", afirmou Claudio Soares de Araújo, 62, morador da região há 30 anos. 

Ele faz parte de um grupo de quase 50 pessoas que estão revoltadas com o desmatamento no local para a construção de um muro pela empresa MRS. Ainda de acordo com os moradores, a empresa que teria uma autorização para interferir na via, não procurou a população para debater os cortes e esse seria um dos motivos da revolta. A empresa foi procurada, mas ainda não retornou. O Tempo também demandou ao Ibama, e aguarda o retorno.

Insatisfação 

A rua é uma das mais movimentadas do bairro. De um lado, casas, e do outro, a linha férrea que separa a população de uma bacia de contenção e de uma pista de caminhada.

O grupo que protesta contra o corte, afirma que eram mais 100 árvores na via e a maioria delas foram plantadas pelos próprios moradores. Nesta quinta-feira (16), eles se reuniram com cartazes pedindo intervenção dos cortes.

"É triste, a árvore é como se fosse um filho para nós", disse uma moradora. 

"Chorei com o corte delas", lamentou outra.

Outras 82 árvores que estão intactas foram marcadas por etiquetas amarelas, a população teme que isso simbolize novos cortes.

"A última árvore que foi podada, foi meu filho que plantou. Ele já é falecido e ao ver a árvore ser cortada, senti uma dor no meu coração. Foi mais um pedaço dele que foi outra vez", disse Higidia Martins, 74.