Amigos e parentes do senhor Elvio Carvalho Barbosa, de 71 anos, fizeram uma carreata, na tarde desta quinta-feira (2 de janeiro), para cobrar por Justiça contra os três homens que causaram a morte do aposentado em um sítio de Santa Bárbara, na região Central de Minas Gerais. O idoso, que foi enterrado nesta quinta, morreu na última terça-feira (31 de dezembro), seis dias depois de ser espancado pelos suspeitos na madrugada do dia 25 de dezembro, noite de Natal.
A carreata com dezenas de carros transitou pelas ruas do município, de cerca de 30 mil habitantes, com faixas, cartazes e inscrições cobrando por Justiça nas laterais dos veículos. Veja um trecho da manifestação:
Uma carreata para cobrar por Justiça foi promovida nesta quinta-feira (2), por familiares de Elvio Carvalho Barbosa, de 71 anos, que morreu na cidade de Santa Bárbara, na região Central de Minas, após ser espancado, na madrugada do dia do Natal, por três homens. As famílias da… pic.twitter.com/D30eyknJGY
— O Tempo (@otempo) January 2, 2025
Nas redes sociais, a filha do idoso confirmou sua morte e fez um desabafo emocionado. "Mataram meu pai. É isso mesmo, ele não morreu de doença, acidente ou morte natural. Ele foi assassinado. A quem é dado o direito de tirar a vida? Senhores agressores, o sangue que eu vi escorrendo do rosto do meu pai está na mão de vocês. Será que eu posso chamar de covardia três contra um? E agora? O que eu digo para os meus filhos que são apaixonados pelo avô? Que vocês mataram ele?", escreveu a mulher.
A filha lembra que o senhor Elvio cuidou da mãe, que era doente, durante "uma vida todinha". "Nunca abandonou ela e os filhos, mesmo com todas as dificuldades. E nosso Natal? E nosso Ano Novo? Ficou difícil de compreender pelo resto da minha vida. Tá doendo saber que meu pai se foi antes da hora, sem se despedir de nós. Sempre alegre, com uma piada mais ou menos, e não todo quebrado no hospital. É assim que eu quero me lembrar de você. Que Deus e minha mãe te receba", continuou a familiar.
A reportagem de O TEMPO procurou a Polícia Civil de Minas Gerais para saber se, com a morte do idoso, um inquérito por homicídio foi instaurado. Até a publicação da matéria, a instituição policial ainda não tinha se manifestado.
Espancado na noite de Natal
No boletim de ocorrência registrado no dia do crime, Elvio aparece como autor de uma suposta invasão de um sítio, propriedade de outro idoso, de 72 anos, que foi arrolado como vítima do crime. Já os outros três autores do espancamento contra o homem, familiares do idoso que teve o sítio supostamente invadido, têm idades de 36, 40 e 43.
A Polícia Militar (PM) foi acionada até a avenida Rodrigo de Castro, no bairro São José, por volta das 2h, inicialmente, para atender a invasão do sítio com danos em uma das portas da propriedade. O chamado dava conta ainda que o suposto invasor estava contido e amarrado.
No local, um dos envolvidos relatou que recebeu uma notificação das câmeras de segurança da propriedade e, junto dos irmãos, deslocaram até o sítio. Lá, ainda conforme o registro policial, eles se depararam com uma pessoa usando touca e máscara que, ao perceber a presença deles, correu.
No relato dos suspeitos do espancamento, ele teria reagido e entrado em luta corporal, sendo detido com auxílio das cordas até a chegada da PM. Segundo a corporação, o idoso foi encontrado com diversas lesões, sendo encaminhado para a Santa Casa Nossa Senhora das Mercês. Lá, os médicos constataram lesões na costela, mandíbula, maxilar, braços, mãos e face de Elvio.
O idoso permaneceu internado na unidade de saúde até o último dia de 2024, quando não resistiu à gravidade das lesões e morreu.
No sítio que o homem teria invadido, uma das portas de um quarto de ferramentas e rações foi encontrado arrombado, porém, nada teria sido levado.
Idoso já teria incendiado cercas do vizinho
Ainda segundo a PM, os suspeitos do espancamento afirmaram que o idoso perseguia sua família, tendo, inclusive, colocado fogo em outros locais do sítio e danificado cercas para animais fugirem.
Elvio, conforme os autores do espancamento, também já teria enviado cartas à família fazendo ameaças, o que já teria, inclusive, sido denunciado à polícia.
A perícia da Polícia Civil não compareceu na cena do crime no dia da ocorrência.