A defesa do caminhoneiro envolvido no acidente na BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, que causou a morte de 39 pessoas, afirmou que os exames toxicológicos não comprovam que ele estivesse sob efeito de substâncias psicoativas no momento da batida, já que as análises foram feitas dois dias depois. Além disso, garantiu que irá recorrer da prisão preventiva para assegurar o direito do motorista de responder ao processo em liberdade.
Em nota divulgada na tarde desta terça-feira (21 de janeiro), o advogado de defesa, Raony Fonseca Scheffer Pereira, afirmou que a prisão preventiva foi recebida com surpresa, já que o motorista havia se apresentado voluntariamente às autoridades, colaborado com as investigações e mantido sua rotina no Espírito Santo, onde reside. "Vamos recorrer para garantir o direito dele de responder em liberdade", afirmou.
Questionamento sobre exames toxicológicos
A defesa questionou a interpretação dos laudos toxicológicos que indicaram o uso de álcool, ecstasy e cocaína, mencionados na decisão que decretou a prisão preventiva. “Não há comprovação de que ele tenha utilizado substâncias entorpecentes durante a viagem ou que estivesse sob efeito delas no momento do acidente”, declarou o advogado, que também cita “dúvidas sobre possíveis falhas nos protocolos de coleta e análise”.
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“Tamanha a confiança dele de que não estava sob efeito de drogas que ele, de boa fé, aceitou fazer o exame. Se ele devesse, ele não teria feito o exame. Vamos buscar contraprovas”, argumentou o advogado. Os exames foram feitos na segunda-feira, dois dias depois da batida, quando o motorista se apresentou à Polícia Civil.
Fuga é questionada
Sobre a ausência do motorista no local do acidente, a defesa afirmou que ele entrou em pânico após a colisão e não pôde prestar socorro às vítimas devido à explosão e ao incêndio. "Ele buscou preservar sua segurança diante das circunstâncias e se apresentou às autoridades pouco tempo depois", reforçou.
Por fim, a defesa manifestou solidariedade às vítimas e seus familiares, destacando que o objetivo do processo deve ser garantir justiça de forma equilibrada e imparcial. "A defesa está comprometida em assegurar que os direitos de Arilton Bastos Alves sejam respeitados e que ele tenha um julgamento justo, baseado em provas concretas e imparciais", concluiu o advogado.
Relembre o caso
O acidente ocorreu em 21 de dezembro de 2024, quando uma carreta transportando um bloco de granito se chocou contra um ônibus de viagem interestadual na BR-116. O impacto causou a morte de 39 pessoas e deixou outras nove feridas. O ônibus, que seguia de São Paulo para a Bahia, pegou fogo após a colisão. Entre as vítimas, há moradores de São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Paraíba.
Investigações preliminares apontaram irregularidades, como excesso de peso da carga, alta velocidade do veículo e jornadas exaustivas de trabalho. A decisão pela prisão preventiva foi baseada nesses fatores, além de suspeitas de que o motorista não teria colaborado plenamente com as investigações.