Dezenas de entregadores por aplicativo participaram, na manhã desta segunda-feira (31 de março), de uma manifestação que tomou conta do pirulito da praça Sete, no centro de Belo Horizonte. O ato faz parte do "Breque dos APPs", paralisação nacional da categoria por melhores condições de trabalho

Segundo a BHTrans, por volta de 11h30 os entregadores ocupavam o pirulito e seguiam em direção à Savassi, na região Centro-Sul da capital. "Nossa equipe está atuando na região para garantir a fluidez", disse a empresa que administra o trânsito de BH. 

A mobilização nacional é liderada pelos entregadores de São Paulo, contando com o apoio dos movimentos Vida Além do Trabalho (VAT-SP) e Minha Sampa. Entre as pautas do movimento estão a exigência do pagamento mínimo de R$ 10 por entrega, além de R$ 2,50 por quilômetro rodado.

Os trabalhadores também pedem um limite de três quilômetros para entregas com bicicletas e, ainda, o fim do chamado "agrupamento de corridas", quando os apps incluem mais de uma corrida com o pagamento de apenas uma taxa de entrega. 

Manifestantes saíram da praça Sete e foram até a praça da Savassi l ALEX DE JESUS / O TEMPO

Segundo Warley Leite, presidente da Associação dos Prestadores de Serviço que Utilizam Plataformas Web e Aplicativos de Economia Compartilhada (Appec), a entidade apoiou movimento espontâneo dos trabalhadores. "Hoje, todos os insumos necessários para nossa atividade sofreram ajustes muito grantes. Gasolina, pneu, óleo. Até mesmo o pneu de bicicleta, já que os entregadores não se resumem só aos motociclistas, temos muitos ciclistas que também participaram do ato", detalhou. 

Baixa adesão 

Ainda segundo Leite, cerca de 60 motociclistas participaram do ato, um número baixo diante do tamanho da categoria em uma cidade como Belo Horizonte. "Sessenta pessoas deixando de trabalhar, na metodologia da plataforma, eles compensam, pagando um pouco mais para aqueles que não pararam. Infelizmente a galera adere pouco, são resistentes a sindicatos e associações, que são entidades que dedicam seu tempo para defender a classe", lamenta. 

Apesar disso, o presidente da Appec defende que os entregadores por aplicativo precisam continuar lutando. "A gente tem que continuar juntos, mas precisamos melhorar a organização da categoria para que, no futuro, possamos conquistar todos esses objetivos propostos. Enquanto isso, o trabalhador vai sofrendo os impactos da inflação e as dificuldades que a economia do nosso país tem imposto a todas as pessoas", finaliza. 

Ato em São Paulo

Em São Paulo, os motociclistas se deslocaram até a sede do iFood, principal aplicativo usado pelos entregadores. O TEMPO procurou a plataforma, que se posicionou por nota.

Segundo o aplicativo de entregas, eles estão atentos ao cenário econômico e "estudando a viabilidade de um reajuste para 2025". "É importante ressaltar que, nos últimos três anos, os ganhos dos entregadores foram aumentados de várias maneiras", completou a empresa. Leia a nota completa no final da matéria.

PL que regulamenta profissão tramita em BH

No último dia 25 de março deste ano, o Projeto de Lei (PL) 19/2025, do vereador Pablo Almeida (PL), que visa a regulamentação dos entregados por aplicativo na capita lmineira, teve sua constitucionalidade aprovada em 1º turno na Comissão de Legislação e Justiça (CLJ) da Câmara Municipal de Belo Horizonte. 

O texto do parlamentar prevê que, para atuar em BH, os motociclistas precisam ter CNH, estar coberto  por seguros de acidentes e utilizar, no mínimo, capactece segurança. "As motocicletas deverão estar regularizadas e em acordo com os requisitos exigidos pela autoridade de trânsito. Também precisarão possuir Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) válido", completa o PL.

Já as empresas que operarem em  BH passariam a ter a obrigação de fiscalizar a conformidade dos motociclistas com as normas de segurança e, ainda, contar com um sistema de monitoramento de velocidade em tempo real. "Deverão ainda oferecer treinamentos periódicos sobre cumprimento de normas de trânsito defensivas e responsabilidade no transporte de passageiros", completa o projeto do vereador de BH.

Veja o que diz o iFood sobre a mobilização:

"O iFood respeita o direito à manifestação pacífica e à livre expressão dos entregadores e entregadoras. Como empresa brasileira e ciente do seu papel na geração de oportunidades, desde 2021, nos dedicamos à criação de uma agenda sólida e permanente de diálogo com os entregadores parceiros e representantes da categoria, para o aprimoramento de iniciativas que garantam mais dignidade, ganhos e transparência para estes profissionais.

Estamos atentos ao cenário econômico e estudando a viabilidade de um reajuste para 2025. É importante ressaltar que, nos últimos três anos, os ganhos dos entregadores foram aumentados de várias maneiras:

2022: Aumento do valor mínimo da rota em 13%, de R$5,31 para R$6,00, e do valor por quilômetro rodado em 50%, de R$1,00 para R$1,50.

2023: Reajuste da taxa mínima em 8,3%, de R$6,00 para R$6,50, acima da inflação do período (3,74% pelo INPC).

2024: Introdução de adicional de R$3,00 por entrega extra em rotas agrupadas.

O ganho bruto por hora trabalhada hoje no iFood é quatro vezes maior do que o ganho do salário mínimo-hora nacional. De 2022 até 2024, os ganhos líquidos médios por hora trabalhada na plataforma foram 2,2 vezes superiores ao salário mínimo-hora, de acordo com os custos apontados em pesquisa realizada pelo Cebrap em 2023.

Além disso, todos os entregadores parceiros do iFood têm acesso a seguro pessoal gratuito para casos de acidentes durante as entregas, planos de saúde, programas de educação, além de apoio jurídico e psicológico para casos de discriminação, assédio ou agressão sofridos pelos profissionais de delivery.

Ao mesmo tempo, reforçamos que é importante  respeitar o funcionamento dos estabelecimentos parceiros e garantir a livre circulação de funcionários e da população em geral, conforme previsto na Constituição, sempre prezando por um ambiente seguro e livre de qualquer tipo de violência.

O iFood segue disponível para o diálogo com os entregadores na busca por melhorias para os profissionais e para todo o ecossistema."