O médico mastologista acusado de abusar sexualmente de ao menos 15 mulheres - uma delas com câncer -, foi indiciado mais uma vez pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) nesta quinta-feira (10 de abril). Ele já havia sido indiciado e preso no dia 4 de fevereiro por crimes da mesma natureza, que foram praticados em Itabira, na região Central do Estado. Porém, segundo a instituição, outras quatro vítimas, de 36 a 50 anos, também pacientes e funcionárias do hospital onde ele atuava, procuraram a PCMG e denunciaram mais abusos do profissional. 

No dia 25 de fevereiro, a Justiça de Minas Gerais aceitou uma denúncia oferecida pelo Ministério Público (MPMG) e o mastologista virou réu no caso. De acordo com o delegado João Martins Teixeira, responsável pelas investigações, "a decisão de indiciar o suspeito mais uma vez foi tomada com base em depoimentos e elementos que indicam a prática de atos ilícitos que ferem a dignidade sexual e a integridade das vítimas". 

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Como o mastologista agia? Relembre o caso

O mastologista foi preso no dia 4 de fevereiro sob a suspeita de estuprar uma paciente de 52 anos durante consulta médica para tratamento de câncer e outras 14 mulheres. Conforme apontado pelas investigações, o médico teria se aproveitado da vulnerabilidade das vítimas, que estavam em tratamento de doenças graves ou enfrentando conflitos pessoais. Em um dos casos, perícia constatou a presença de Antígeno Prostático Específico (PSA) no corpo de uma das vítimas, indicando a presença de material biológico compatível com o do suspeito, que havia realizado vasectomia anteriormente.

"Uma das vítimas nos relatou que foi a uma consulta e acabou sendo violentada pelo médico com quem fazia acompanhamento. Durante as investigações, que começaram em 24 de janeiro deste ano, outras vítimas denunciaram violações, como toques indevidos, comentários impróprios e agressões físicas. As vítimas são pacientes e funcionárias do hospital onde ele trabalhava", afirmou João Martins.

O delegado relatou que as vítimas disseram que o mastologista fazia comentários sobre o tamanho dos seios delas, alegando que não eram, por exemplo, compatíveis com o quadril. "Comentários como esse extrapolam o aceitável em uma consulta e servem de alerta para todos. Outro sinal de comportamento inadequado são os toques excessivos. Se a paciente consulta um mastologista, a finalidade é analisar a saúde dos seios. Logo, não há motivo para o profissional tocar na região genital. Esses são indícios claros de conduta indevida", reiterou Martins. 

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Em quais hospitais ele atuava?

O médico trabalhava em hospitais de Itabira. A prefeitura do município informou, por meio de nota enviada para O TEMPO, que ele não era contratado diretamente pelo município, mas prestava serviços de forma terceirizada. O órgão esclareceu que ele era vinculado à Irmandade Nossa Senhora das Dores, responsável pela gestão do Hospital Nossa Senhora das Dores, e ao Consórcio Intermunicipal do Centro Leste (Ciscel). A prefeitura ressaltou que, em ambas as instituições, o profissional foi afastado de suas funções assim que a denúncia foi formalizada e as investigações tiveram início.

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"A Prefeitura de Itabira se solidariza com as mulheres vítimas desse tipo de crime, repudia qualquer ato de abuso sexual e outros atos de violência de gênero e incentiva que as vítimas procurem os canais oficiais de denúncia, além dos serviços de acolhimento disponíveis no município", declarou o órgão.

O que diz o Ciscel?

O Consórcio Intermunicipal de Saúde Centro Leste (Ciscel) comunicou que, em razão do afastamento do mastologista, os contratos do profissional junto à instituição foram temporariamente suspensos até a conclusão das investigações em curso.

O mastologista mantinha dois contratos com o Ciscel:

  1. Contrato de Prestação de Serviços Médicos (consultas e exames) para o Centro Estadual de Atenção Especializada (Centro Integrado Viva Vida)
  2. Contrato de Assunção de Responsabilidade Técnica do Centro Estadual de Atenção Especializada (Centro Integrado Viva Vida).

Considerando os acontecimentos recentes e visando garantir a integridade da instituição e a confiança de nossos pacientes e parceiros, a decisão de suspender os contratos foi tomada pelo Ciscel até que as apurações necessárias sejam finalizadas.

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Situação do médico no CRM ainda é regular

Até o momento, o registro do médico no site do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) consta como ativo e regular. O conselho informou que todas as denúncias recebidas, formais e de ofício, são apuradas de forma sigilosa, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional do Conselho Federal de Medicina (CFM).