O grave acidente que vitimou o menino Pedro Lucas, de 12 anos, na noite dessa segunda-feira (14/7), na avenida Olinto Meireles, na região do Barreiro, escancara a falta de segurança para pedestres e ciclistas que se arriscam no canteiro central da movimentada avenida. Veículos de diferentes tamanhos e uma estreita faixa compartilhada por pessoas e bicicletas agravam a situação. Na manhã desta terça-feira (15/7), um dia após a tragédia, O TEMPO conversou com moradores locais que reclamaram da sensação de perigo e pediram medidas às autoridades.

"Sempre achei a pista muito mal sinalizada. Já ficava com medo de caminhar aqui antes e agora piorou. É lamentável o que aconteceu com o menino", desabafa a assessora Karen Karenina, moradora da região e usuária da pista para exercícios. 

O professor Robsney Souza, de 55 anos, compartilha da mesma preocupação. Ele utiliza a pista quase diariamente para caminhar e observa a precariedade: “A faixa central é muito estreita e às vezes, a gente percebe, sobretudo os veículos maiores, que os retrovisores avançam na faixa de pedestre. Acredito que as autoridades precisam urgentemente melhorar a segurança neste local, pois já temos poucas áreas para praticar atividades físicas. É fundamental dar mais atenção a isso para evitar que novas tragédias aconteçam”, avalia.

Em resposta, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou, por meio de nota, que a avenida Olinto Meireles conta com sinalização ampla, com diversos semáforos e orientação sobre a velocidade máxima permitida de 60 km/h. A PBH também mencionou que o Executivo municipal planeja a implantação de radares de velocidade na região para fiscalização. 


Ciclista prefere se arriscar a colocar os outros em risco

A forma mais rápida que o estudante Lucas Soares Padilha, de 23 anos, encontrou para se locomover é usando uma bicicleta. O trajeto até de casa a escola passa pela avenida Olinto Meireles. No entanto, em vez de utilizar o passeio ou o canteiro central, ele opta por se arriscar entre os carros, priorizando a segurança dos pedestres.

“É preciso ter muita atenção, tanto com pedestres quanto com os outros ciclistas. Qualquer distração pode causar um acidente, e como o espaço é limitado, pode haver o risco de cair na rua, sem tempo hábil para os veículos pararem. A falta de iluminação adequada também compromete a segurança. Por isso, em algumas situações, opto por usar o asfalto”, relata Lucas., diz.

Para ele, a instalação de redutores de velocidade, quebra-molas e a ampliação da ciclovia poderiam contribuir significativamente para a segurança de todos.

Segundo a prefeitura, não existe planos de mudanças específicas para a ciclovia até o momento.

Análise

Especialista em segurança no trânsito, o professor Agmar Bento, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), afirma que "todas as vias devem ser construídas ou adaptadas de forma a garantir a segurança de todos os usuários."

"Infelizmente, alguns acidentes podem acontecer, e, em outras situações, eles são inevitáveis — por exemplo, em casos de pane no veículo ou mal súbito do motorista. São situações inesperadas, que fogem ao controle do condutor. Por isso, a gestão do trânsito deve ser pensada de forma a minimizar a gravidade dos acidentes quando eles ocorrerem", explicou.

Segundo Bento, a gestão do trânsito passa, sobretudo, pelo controle da velocidade. "Em locais onde há circulação de pessoas e bicicletas, a velocidade deve ser reduzida para garantir maior segurança. Em vias com limite de 60 km/h, o ideal é que a pista de caminhada para pedestres e as ciclovias estejam mais afastadas dos veículos e contenham barreiras físicas que impeçam a invasão desses espaços em caso de perda de controle do automóvel", destacou.