O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou um inquérito civil para investigar as condições de manutenção, fiscalização e destinação da área destinada à construção da nova rodoviária de Belo Horizonte. O terreno fica localizado no bairro São Gabriel, na região Nordeste da capital. O projeto, anunciado em 2009, foi abandonado, e o terreno permanece sem uso, gerando preocupações entre moradores e autoridades.

Segundo o MPMG, o espaço apresenta indícios de desuso, acúmulo de resíduos e problemas relacionados à segurança e à fiscalização. Para subsidiar a investigação, foi solicitada a atuação da Central de Apoio Técnico do órgão (Ceat), que deverá elaborar um parecer técnico preliminar com uma avaliação detalhada da situação e indicar possíveis alternativas de requalificação para o local.

A apuração é conduzida pela 16ª Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da capital e tem como representados o município de Belo Horizonte, proprietário do terreno; a concessionária Metrô BH, atual gestora da área; e o Estado de Minas Gerais, responsável pelo contrato de concessão.

Histórico

Como informado por O TEMPO, a área de 70 mil metros quadrados, onde a rodoviária iria funcionar desde 2012, virou um terreno usado para guardar entulhos de obras do Executivo local, enquanto quem passa pelo entorno sofre com a sensação de insegurança deixada após a saída de centenas de famílias de suas casas. O vazio deixado com a destruição das residências foi preenchido por escuridão e atividades ilícitas, como o tráfico de drogas, segundo  moradores.

Com a justificativa de que “a decisão da construção e operação da Nova Rodoviária e a posterior desistência do projeto foram definidos por gestões anteriores”, a prefeitura disse, em nota, não ter novos planos para a área, onde foram gastos mais de R$30 milhões em desapropriações. Ao todo, 288 famílias foram retiradas de suas residências em um processo moroso, marcado por difíceis negociações, não aceitação de valores ofertados e  audiências públicas na Câmara de Vereadores de BH.

Na época, a ideia era instalar a rodoviária na área próxima à saída de relevantes corredores de trânsito, como o Anel Rodoviário. Isso, sem contar com o fato de o terminal ficar ao lado da estação de metrô e do Move da avenida Cristiano Machado.