Priscila Azevedo Mundim, de 46 anos, assassinada dentro de um apartamento no bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste de Belo Horizonte, na madrugada desse sábado (16/8), teria desabafado à irmã, horas antes do crime, o medo que sentia do próprio namorado. Fabíola Mundim contou que estava com o casal na noite de sexta, quando a irmã a chamou em particular e disse: “Eu não estou aguentando. Ele está me sufocando, está muito possessivo”. O companheiro e principal suspeito, um policial penal afastado de 45 anos, teria confessado o homicídio.

O corpo de Priscila está sendo velado no Cemitério Parque da Colina, na região Oeste de BH, na tarde deste domingo (17/8). No momento de despedida, a irmã da vítima, Fabíola Mundim, relatou a angústia dos últimos momentos com a familiar. “Na sexta, eles (o casal) estavam lá em casa e eu senti um ciúmes extremo por parte dele”, disse.

“Eu falei: ‘Sai fora, você não precisa disso’. E, na hora em que ela (a Priscila) foi embora com ele, ela me deu um abraço apertado, como nunca tinha me dado antes. Olhou nos meus olhos e falou: ‘Irmã, eu te amo’. Foi embora. Eu senti algo tão ruim, uma angústia no peito”, continuou.

Segundo relato da irmã, na manhã de sábado (16/8), ela começou a ligar para Priscila por volta das 7h. Três horas depois, no entanto, ainda não havia recebido retorno. Diante da preocupação, ela e o companheiro decidiram ir até o endereço do namorado da vítima e tocaram o interfone até conseguirem entrar. “Eu liguei no interfone para qualquer apartamento e disse: ‘Gente, eu sou a irmã da Priscila. Ele (o namorado dela) fez alguma coisa com a minha irmã. Abre para mim, por favor’”, lembra.

Ao chegar à porta do apartamento, Fabíola contou que o policial penal atendeu uma ligação do cunhado e teria dito: “Chama a polícia, que eu fiz merda”. “Então, eu estou aqui por mim, por você, por todas as mulheres. Ele é assassino. E eu quero justiça pela vida da minha irmã”, afirmou a familiar, entre lágrimas.

Policial Penal estava afastado por motivos psiquiátricos

A morte de Priscila Azevedo Mundim foi lamentada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), que confirmou o feminicídio por meio de nota. Segundo a pasta, o policial penal estava afastado das atividades desde janeiro de 2024, "por motivos psiquiátricos". "O armamento institucional do servidor já havia sido recolhido desde então", dizia a nota.

Quando a Polícia Militar (PM) chegou ao imóvel, localizado na esquina das ruas Progresso e Vereador Geraldo Pereira, encontrou o policial penal com um corte profundo no abdômen. O ferimento teria sido feito por ele mesmo, em uma tentativa de suicídio após o feminicídio.

Por conta do ferimento grave, ele precisou ser encaminhado às pressas pelos militares até o Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ele permanece internado sob escolta. 

"O Departamento Penitenciário (Depen) informa que será instaurado um procedimento administrativo pela Corregedoria em decorrência do fato e que está à disposição para auxiliar a Polícia Civil no que for preciso no inquérito policial que investigará o crime", concluiu a Sejusp em nota. 

O feminicídio será alvo de investigação da Polícia Civil.