Com atraso de um ano e meio do previsto para a entrega das obras, a bacia B3, localizada no bairro Água Branca, (antiga Vila PTO), em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi entregue nesta segunda-feira (18/8). Desde abril, a bacia que faz parte do conjunto de obras de contenção de córregos da Grande BH está pronta, mas, só agora o empreendimento foi oficialmente inaugurado pelo governador Romeu Zema (Novo). A previsão é de que no próximo período chuvoso, enchentes na avenida Tereza Cristina, em Belo Horizonte, não aconteçam, como em anos anteriores.
“A B3 vai amenizar em muito um problema de décadas. O estado investiu R$ 107 milhões e a Prefeitura de Contagem, R$ 7 milhões, totalizando, R$114 milhões de investimentos apenas neste empreendimento”, explicou o governador Romeu Zema. A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), que participou da visita, deixou a cerimônia antes de conversar com a imprensa. A suspeita é de desentendimento com cerimonial do governador durante visita ao espaço. A bacia B3 tem capacidade para reter até 102 milhões de litros de água que vem do córrego Ferrugem e deságua no rio Arrudas. O total equivale a 41 piscinas olímpicas.
Desde 2023, o conjunto de obras vem sendo executado com objetivo de conter o fluxo de cheias dos córregos Ferrugem e Riacho das Pedras (afluentes do rio Arrudas). A primeira bacia a ser entregue foi B2, no Riacho das Pedras, em Contagem. O local tem capacidade para 27 mil metros cúbicos, o equivalente a 12 piscinas olímpicas.
“Com a entrega da B3, estamos falando de mais de R$ 400 milhões investidos nesse programa de contenção de cheias que envolvem obras executadas diretamente pelo estado de Minas Gerais, por meio de convênio com a Prefeitura de Contagem e também com a Prefeitura de Belo Horizonte. A gente já chega agora para o próximo período de chuva, muito mais bem preparado, com várias obras já concluídas ou já estão operacionais”, afirmou o secretário de obras Pedro Bruno.
Inicialmente, a obra, que começou em 9 de janeiro de 2023, deveria ser entregue em 360 dias, ou seja, até 4 de janeiro de 2024. O atraso, segundo o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), foi no assentamento das famílias que viviam na Vila PTO. “ O reassentamento é que tomou tempo. Tudo é feito pelas prefeituras, o governo do estado é patrocinador financeiro das obras, mas não as opera. A gente entende que as prefeituras tenham passado por alguma dificuldade, tanto Contagem, quanto Belo Horizonte, para que esse processo aconteça de forma mais natural”, explicou.
Além das bacias B2 e B3, que recebem o fluxo do córrego Riacho, outras duas seguem em execução na cidade: a bacia B4, no Vila Itaú, a maior de todas, com capacidade para reter 377.950 metros cúbicos. Ela já está 90% em operação e a previsão é de conclusão das obras em setembro deste ano. A bacia 05A (bacia Toshiba), com capacidade para 21.800 metros cúbicos deve ficar pronta no primeiro semestre de 2026.
Já em Belo Horizonte, a bacia B5 Vila Sport Club (córrego Ferrugem), terá capacidade de reter 274.245 metros cúbicos de água. Ela já tem capacidade para receber o volume de água, contudo, não está interligada ao Ribeirão Arrudas para o escoamento da água. A obra também deverá ser entregue no primeiro semestre de 2026.
Um pesadelo de décadas
Quem viveu de perto os impactos das enchentes na avenida Tereza Cristina, em Belo Horizonte, como o comerciante Paulo César Martins de Souza, de 50 anos, não consegue esquecer do medo, nem tampouco dos prejuízos que a chuva pode trazer.
“Graças a Deus, depois daquela sequência de chuvas em 2019, só tivemos uma grande chuva que alagou a avenida, mas não chegou às casas. Eu moro aqui há quase 30 anos e, nesse tempo, já entrou água aqui umas 10 vezes. Já perdi móveis, tive dois carros arrastados pela enxurrada, meu pai e meu irmão também. Um terror”, conta.
A notícia de mais uma bacia concluída trouxe esperança ao morador. "Já vemos os resultados positivos dessas obras", completa.
Os prejuízos também foram sentidos pelo barbeiro Ricardo Tomaz Angelo, de 25 anos. "Já perdi turnos de trabalho porque precisei limpar a sujeira que a enchente trouxa. É perda de tempo e de dinheiro", afirma.
Investimento total das obras
O valor investido para a execução do conjunto foi de R$ 400 milhões. Sendo, R$ 212 milhões provenientes da Reparação da Vale pelo rompimento da barragem em Brumadinho, R$ 128 milhões do Governo Federal, e o restante de verbas do Estado, R$ 39 milhões, e das prefeituras ( R$ 7 milhões Contagem e R$ 14 milhões de Belo Horizonte).