Garis de Belo Horizonte denunciaram más condições de trabalho e pediram mais valorização da categoria durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (27/8) pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara Municipal. O debate reuniu familiares, amigos e colegas do gari Laudemir de Souza Fernandes, assassinado enquanto trabalhava no último dia 11, durante uma confusão de trânsito.

A viúva de Laudemir, Liliane França da Silva, de 44 anos, acompanhou a audiência e denunciou situações de desrespeito vividas pelo marido. “O Lau não era de falar o que passava, mas o pouco que ele falava me deixava indignada com a falta de respeito sofrida pelos garis. Deram até água de piscina para ele beber. O Lau já cortou o braço com caco de vidro”, lamentou.

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Garis de Belo Horizonte denunciaram más condições de trabalho e pediram mais valorização da categoria durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (27/8) pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo da Câmara Municipal.

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— O Tempo (@otempo) August 27, 2025

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Para Liliane, a cultura de desvalorização da categoria foi evidenciada na ação de Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, que confessou ter matado o gari Laudemir. “Quando ele atirou no Lau, ele pensou que estava atirando em um saco de lixo, porque ele teve a oportunidade de não fazer. E ainda ameaçou uma mulher. Eu quero que ele passe um tempo lá na cadeia, porque a nossa justiça tem prazo pra sair, então ele vai sair um dia. Mas quero que ele passe um tempo lá para conhecer quem era o Laudemir e qual a importância dos garis”, pediu.

O vereador Bruno Pedralva (PT), que solicitou a audiência, cobrou mais segurança para a categoria. “Primeiro, é justiça pelo Laudemir. A família tem sido guerreira, transformando o luto em luta. Isso não pode passar em vão. Nós queremos que a cidade respeite e valorize o trabalho dos garis, mas também que as empresas e prefeituras criem uma estrutura para garantir essa valorização. É um absurdo que até hoje nossos garis andem pendurados no para-choque porque não tem uma cabine para eles. Assim como já existem câmeras de segurança, os caminhões precisam ser monitorados”, afirmou.

Durante a audiência, Pedralva anunciou a criação do Projeto de Lei Laudemir, que propõe ações de melhoria e valorização dos garis em Belo Horizonte.

Valorização de servidores

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), Israel Arimar, ressaltou a necessidade de valorização dos servidores públicos, que, segundo ele, são essenciais para o bom andamento da cidade e o bem-estar da população. “O trabalho do gari, do enfermeiro e do professor são essenciais e isso precisa ser acompanhado de políticas de valorização. O pessoal da limpeza não tem uma aposentadoria especial. A jornada de trabalho deles é de 44 horas, e só agora o prefeito está mandando um projeto para reduzir para 40 horas”, reclamou.

Arimar cobra trabalho educativo com a sociedade para evitar novos episódios de violência contra servidores. “Nos postos de saúde tem muita agressão contra servidores e isso acontece, na maior parte das vezes, por demora no atendimento. Então, é preciso investir na qualidade do serviço público e trabalhar com a sociedade para entender e respeitar o papel do servidor”, afirmou.

O superintendente da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), Breno Serôa, garantiu que o Executivo municipal está aberto ao diálogo e negociação com a categoria para debate de melhorias e maior valorização.