Crianças e adolescentes, com até 19 anos, representam 23% dos casos confirmados de dengue em Minas Gerais em 2024. De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses (dengue, chikungunya e zika), feito pela Secretaria Estadual de Saúde, esse público soma 45.649 dos 196.146 diagnósticos da doença. Os números alertam as autoridades públicas diante da baixa cobertura vacinal. Conforme balanço da pasta, 18.870 doses foram aplicadas em crianças e adolescentes com idade de 10 a 14 anos — o que representa 24% do público-alvo (78.790).

"Neste momento da epidemia, com o aumento do número de casos, é muito importante que os pais e responsáveis levem seus filhos para se vacinar. Essa é uma das principais estratégias no combate à doença", destaca a biomédica Gabriela Assis, que também atua como professora no curso de Biomedicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh-BH).

A especialista destaca que o enfrentamento da doença precisa ser um compromisso da sociedade com o poder público. "Precisamos somar os esforços. O poder público precisa garantir a limpeza dos espaços, eliminando os criadouros do mosquito, enquanto a população faz o mesmo nos espaços domésticos", orienta.

Em coletiva de imprensa, realizada na manhã desta terça-feira (12 de março), o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, informou que Minas Gerais terá um dia D de combate à dengue no sábado de 23 de março. A iniciativa irá mobilizar mutirões comunitários para eliminar os focos de Aedes aegypti, além de ações de conscientização para orientar a população sobre a responsabilidade diária de manter ambientes livres de focos do mosquito. A expectativa é de que mais de 350 dos 853 municípios do Estado participem do movimento.

O Dia D não prevê ações para a vacinação de crianças e adolescentes. Porém, de acordo com o secretário Fábio Baccheretti, o Governo de Minas tem incentivado as cidades a adotarem novas estratégias para aumentar o índice de imunização. O titular da pasta avalia como baixa a quantidade de vacinas aplicadas no Estado.

"A gente vem estimulando os municípios a sair um pouco do habitual de vacinar no posto de saúde. Crianças estudam e não têm a possibilidade de ir com os pais ou responsáveis no dia de semana. Por isso, a vacinação nas escolas está sendo estimulada. Os municípios têm que mudar a estratégia. Se continuarem com a mesma estratégia de esperar os pacientes, crianças e adolescentes, no posto de saúde, nós vamos perder uma oportunidade dessa janela de imunização", avalia.

Conforme o Painel de Monitoramento das Arboviroses, além dos 194.346 casos de dengue confirmados, o Estado soma 32.505 diagnósticos de chikungunya. O levantamento também confirmou 71 mortes por dengue e 20 por chikungunya. Os números fazem parte do balanço divulgado nesta terça-feira (12 de março). Minas Gerais tem ainda 14 confirmações de zika, conforme balanço do dia 11 de março.

"Esse número expressivo de casos indica que as medidas de controle e prevenção contra a dengue podem não ter sido eficientes. É preciso evitar os esforços para evitar a propagação do mosquito. A população e o poder público precisam adotar as medidas de proteção que já conhecemos. A estratégia mais importante, neste momento, é a prevenção", orienta a biomédica Gabriela Assis.