Havia cerca de mil pessoas no enterro da estudante Anna Luísa Fernandes de Paiva Maria, 16, que foi arrastada pela chuva que caiu sobre Belo Horizonte na última quinta-feira (15). "Eram muitas pessoas, ela fez muitas amizades durante a vida dela", conta a prima Bárbara Reis, 18, que acompanhou o velório e o sepultamento no cemitério Bosque da Esperança, neste sábado (17). A imprensa não pôde entrar no cemitério.
Emocionada, Bárbara relembra a personalidade da prima: "Ela era um exemplo de dedicação e de muita sabedoria para uma menina de 16 anos. Lia muitos livros. Pegava ônibus cedo para estudar num cursinho, para passar numa escola boa, neste país desigual em que vivemos." A adolescente estudava no segundo ano do ensino técnico do Cefet-MG, que divulgou nota lamentando sua morte e dizendo que familiares, amigos, professores e colegas de classe estão "abalados pela irreparável perda". O sonho da garota era cursar História e ela queria muito passar no Enem, segundo a prima.
Bárbara contou que Anna Luísa estava em um clube com o namorado, pouco antes da tragédia. "Postou fotos, estava bem feliz. O que me consola neste momento é saber que ela foi feliz."
A familiar criticou o descuido "de quase meio século" na Vilarinho. "Eles não arrumam, não chegam a uma solução concreta, optam por um investimento barato e que arrisca milhões de pessoas que convivem com a Vilarinho". Para ela, Anna Luísa não morreu em vão: "Ela foi um exemplo de pessoa e a morte dela não vai ser em vão. Ela representa uma vítima no país do descaso."