Diz polícia

Advogado de BH 'pagou' barra de maconha em troca do assassinato de amigo

Juliano César Gomes desapareceu no dia 21 de maio quando saiu de casa no bairro Floresta

Por Carolina Caetano
Publicado em 04 de novembro de 2020 | 10:44
 
 
 
normal

O advogado de 33 anos suspeito de mandar matar o amigo, o também advogado Juliano César Gomes, de 37 anos, pagou com barra de maconha para que a vítima fosse assassinada. O primeiro pagamento foi de aproximadamente 1kg da droga. A informação foi divulgada pela Polícia Civil, na manhã desta quarta-feira (4). 

Gomes desapareceu no dia 21 de maio quando saiu de casa no bairro Floresta, região Leste de Belo Horizonte. O corpo foi encontrado no dia 8 de junho na zona rural de Funilândia, região Central do Estado. 

Thiago Fonseca Carvalho foi preso nessa terça-feira (3) na região de Venda Nova. Ele estava em um carro alugado. "Desde que houve a decretação da prisão do advogado acusado de ser o mandante do crime contra o outro advogado, a Delegacia de Desaparecidos nunca deixou de empreender diligências. Ele estava sozinho, foi abordado em via pública e não reagiu", explicou a delegada Letícia Gamboge, delegada-chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Ao ser preso, o suspeito não quis, formalmente, dar sua versão para o caso. Informalmente, ele negou ser o mandante, ainda conforme a polícia. 

A motivação do crime estaria relacionada a um processo que corre em segredo de Justiça. "A motivação seria em razão desse advogado vítima figurar como testemunha contra o advogado mandante em um processo que está em segredo de Justiça. O mandante conheceu os executores em uma festa na cidade de Sete Lagoas (região Central do Estado). Esses executores, que são irmão, foram presos em data anterior e confessaram o crime", detalhou a policial.

Barra de maconha

Ainda conforme a polícia, para tentar ganhar a confiança dos dois executores, Carvalho ofereceu a eles a barra de maconha e combinou que, com a venda do entorpecente, o lucro seria repartido entre eles. No entanto, posteriormente, ele fez outra proposta. Entegaria mais drogas se a dupla cometesse o homicídio.

"Informações levantadas pelas equipes de investigação apontam que a tratativa entre os mandantes e os executores seria no sentido que o pagamento pela execução da vítima seria por meio de drogas. Infelizmente, nesse cenário criminoso, nós temos tanto essa motivação torpe  quanto o recebimento de valores em razão dessa execução muitas vezes nos surpreendem. Ou por terem valores baixos ou valores insignificantes considerando o bem maior que é a vida", afirmou Letícia.

O restante da droga prometida pelo suspeito não foi entregue aos atiradores. O trio preso pode responder, a princípio, por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. 

Encontro com mulher

A vítima saiu de casa para encontrar uma mulher, mas antes Carvalho teria pedido a caminhonete de Gomes emprestada para o transporte de alguns objetos. A mulher não tem nenhum envolvimento com o crime.

"Esse encontro para o empréstimo da caminhonete foi marcado em Contagem (região metropolitana). Em um dos relatos dos executores, o advogado mandante já foi ao local acompanhado deles. Enquanto os advogados conversavam, a dupla já abordou o Juliano, o colocou no veículo e seguiram para Sete Lagoas", disse a delegada.

O advogado segue preso no Ceresp Gameleira.

Advogado mandante já havia sido preso em 2018

O advogado Thiago Fonseca Carvalho já havia sido preso em novembro de 2018 durante a 3ª fase da operação "Apate", que investigava lavagem de dinheiro, estelionatos, fraudes processuais e falsificações de documentos privados e públicos em cartórios. 

À época, a Polícia Civil informou que o advogado, junto com um administrador de empresas, seriam líderes da quadrilha que teria movimentado cerca de R$ 160 milhões com aberturas e fechamentos de empresas-fantasmas. 

Posicionamentos

Procurada pela reportagem de O TEMPO, uma das advogadas de Carvalho afirmou que a defesa, no momento, não vai se manifestar e vai aguardar o decorrer das investigações.

Um irmão da vítima afimou que, no momento, não tem condições de comentar o caso. A reportagem também aguarda um posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG).

Matéria atualizada às 12h56

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!