O advogado de 33 anos suspeito de mandar matar o amigo, o também advogado Juliano César Gomes, de 37 anos, pagou com barra de maconha para que a vítima fosse assassinada. O primeiro pagamento foi de aproximadamente 1kg da droga. A informação foi divulgada pela Polícia Civil, na manhã desta quarta-feira (4).
Gomes desapareceu no dia 21 de maio quando saiu de casa no bairro Floresta, região Leste de Belo Horizonte. O corpo foi encontrado no dia 8 de junho na zona rural de Funilândia, região Central do Estado.
Thiago Fonseca Carvalho foi preso nessa terça-feira (3) na região de Venda Nova. Ele estava em um carro alugado. "Desde que houve a decretação da prisão do advogado acusado de ser o mandante do crime contra o outro advogado, a Delegacia de Desaparecidos nunca deixou de empreender diligências. Ele estava sozinho, foi abordado em via pública e não reagiu", explicou a delegada Letícia Gamboge, delegada-chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Ao ser preso, o suspeito não quis, formalmente, dar sua versão para o caso. Informalmente, ele negou ser o mandante, ainda conforme a polícia.
A motivação do crime estaria relacionada a um processo que corre em segredo de Justiça. "A motivação seria em razão desse advogado vítima figurar como testemunha contra o advogado mandante em um processo que está em segredo de Justiça. O mandante conheceu os executores em uma festa na cidade de Sete Lagoas (região Central do Estado). Esses executores, que são irmão, foram presos em data anterior e confessaram o crime", detalhou a policial.
Barra de maconha
Ainda conforme a polícia, para tentar ganhar a confiança dos dois executores, Carvalho ofereceu a eles a barra de maconha e combinou que, com a venda do entorpecente, o lucro seria repartido entre eles. No entanto, posteriormente, ele fez outra proposta. Entegaria mais drogas se a dupla cometesse o homicídio.
"Informações levantadas pelas equipes de investigação apontam que a tratativa entre os mandantes e os executores seria no sentido que o pagamento pela execução da vítima seria por meio de drogas. Infelizmente, nesse cenário criminoso, nós temos tanto essa motivação torpe quanto o recebimento de valores em razão dessa execução muitas vezes nos surpreendem. Ou por terem valores baixos ou valores insignificantes considerando o bem maior que é a vida", afirmou Letícia.
O restante da droga prometida pelo suspeito não foi entregue aos atiradores. O trio preso pode responder, a princípio, por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Encontro com mulher
A vítima saiu de casa para encontrar uma mulher, mas antes Carvalho teria pedido a caminhonete de Gomes emprestada para o transporte de alguns objetos. A mulher não tem nenhum envolvimento com o crime.
"Esse encontro para o empréstimo da caminhonete foi marcado em Contagem (região metropolitana). Em um dos relatos dos executores, o advogado mandante já foi ao local acompanhado deles. Enquanto os advogados conversavam, a dupla já abordou o Juliano, o colocou no veículo e seguiram para Sete Lagoas", disse a delegada.
O advogado segue preso no Ceresp Gameleira.
Advogado mandante já havia sido preso em 2018
O advogado Thiago Fonseca Carvalho já havia sido preso em novembro de 2018 durante a 3ª fase da operação "Apate", que investigava lavagem de dinheiro, estelionatos, fraudes processuais e falsificações de documentos privados e públicos em cartórios.
À época, a Polícia Civil informou que o advogado, junto com um administrador de empresas, seriam líderes da quadrilha que teria movimentado cerca de R$ 160 milhões com aberturas e fechamentos de empresas-fantasmas.
Posicionamentos
Procurada pela reportagem de O TEMPO, uma das advogadas de Carvalho afirmou que a defesa, no momento, não vai se manifestar e vai aguardar o decorrer das investigações.
Um irmão da vítima afimou que, no momento, não tem condições de comentar o caso. A reportagem também aguarda um posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG).
Matéria atualizada às 12h56