Uma agente de saúde responsável por realizar cadastros das vítimas de Brumadinho residentes no município de Maravilhas, cidade do Centro-Oeste de Minas Gerais, foi presa pela Polícia Militar suspeita de aplicar golpes para receber indenizações que deveriam ser repassadas às vítimas do desastre. Além dela, foram detidos dois homens e uma adolescente, de 17 anos, na manhã dessa terça-feira (27), na cidade de Papagaios, na mesma região.

Segundo informações da Polícia Civil repassadas pelo delegado Carlos Henrique Gomes Bueno, o quarteto foi detido pelos militares quando seguiam em um táxi na MG-432 em direção ao escritório da Vale em Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, para onde levariam uma série de documentos para dar início ao cadastro das vítimas da tragédia.

O delegado informou que a agente de saúde passou na escola onde a adolescente estuda e a pegou alegando que a jovem estaria passando mal. Desconfiada, a diretora da escola acionou a PM que interceptou o carro onde estavam os quatro. Com eles, foram localizados os documentos. Os outros dois homens também estavam com registros falsos para realizar os cadastros.

“A adolescente seria cadastrada como vítima da lama de Brumadinho, mesmo morando em um município não atingido pela lama”, comenta o delegado. A agente confessou à Polícia Militar que esperava que tanto ela quanto a adolescente recebessem R$ 6.900,00 de indenização da Vale, que seria dividido.

Os três adultos foram autuados em flagrante por estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e falsificação de documentos públicos e particulares. O trio foi encaminhado para o Presídio de Pitangui, que atende a cidade de Papagaios.

O golpe

Segundo o delegado, a agente de saúde foi designada pelo responsável pelo posto de saúde de Maravilhas, cidade por onde passa o rio Paraopeba, atingido pela lama, para realizar o cadastro de todas as vítimas.

A mulher chegou a realizar cerca de 40 cadastros, dos quais alguns eram, de fato, verdadeiros. Entretanto, ela se dirigia ao município de Papagaios, distante cerca de 20 quilômetros de Maravilhas, para oferecer os serviços de falsificação. Lá, ela fazia contato com as pessoas interessadas e combinava de dividir o valor da indenização quando ele fosse depositado.

A instituição não informou qual foi quantidade de cadastros falsos realizados pela mulher.  

Questionada se estava ciente desse tipo de golpe, se alguns foram concretizados e qual o prejuízo à empresa, a Vale informou que não se pronuncia sobre esse tipo de crime. 

Atualizada às 9h06