Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) em mais de 200 cervejarias espalhadas pelo país mostra que apenas 1,5% utiliza a substância monoetilenoglicol nos processos de resfriamento da bebida.
Entre as empresas que responderam ao questionamento, 87,4% usam álcool na fabricação, 6% propilenoglicol (que não é tóxico ao ser humano) e 5,1% outros métodos. Nenhuma delas faz o uso do dietilenoglicol, que provocou a intoxicação em pelo menos 19 pessoas em Minas Gerais após consumirem bebidas da Cervejaria Backer, principalmente a Belorizontina. Quatro mortes já foram confirmadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
Segundo a Abracerva, as cervejarias que usam monoetilenoglicol, que pode se transformar em dietilenoglicol, já receberam a recomendação de substituição do componente.
Carlo Lapolli, presidente da entidade, diz que o objetivo do levantamento é entender qual é a proporção do uso dessa substância. “Empiricamente já sabíamos que o número era baixo e que o risco de acontecer era pequena. Constatamos isso na pesquisa: 98,5% não usam e temos convicção que, mesmo esses 1,5% que utilizam, tomam as medidas de precaução e já estão implantando mudanças”, disse.
Ele afirma que o consumidor pode seguir apoiando e consumindo cervejas de outras fábricas. “Como viemos reforçando: o caso é inédito neste mercado. Estamos à disposição, assim como as indústrias, para mostrar o processo e para que o consumidor veja que o negócio da cerveja artesanal é sério, profissional e passa por acompanhamento constante dos órgãos de fiscalização. O que aconteceu em Minas Gerais é uma exceção absoluta e não pode prejudicar um setor ascendente e impactante como o nosso”, conclui.
Casos
O número de casos suspeitos de intoxicação por dietilenoglicol passou de 18 para 19, conforme boletim divulgado nessa sexta-feira (17) pela SES-MG. Ao todo, há suspeita de intoxicação em 17 homens e duas mulheres.
Do 19 casos suspeitos apresentados até agora, quatro pessoas morreram - três homens e uma mulher.
Uma força-tarefa, envolvendo Polícia Civil, Vigilância Sanitária e Ministério da Agricultura e Pecuária, foi montada para investigar a relação entre a intoxicação e um possível consumo de cervejas da marca Backer.
Até agora, foram encontradas subtâncias tóxicas nas cervejas Belorizontina, Capixaba, Capitão Senra, Pilsen, D2, Brown, Pele Vermelha e Fargo 46.